O prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), na Praça Santos Andrade, esconde em suas linhas, tijolos e argamassa a história do coronel Baeta de Faria. O engenheiro militar mineiro radicado em Curitiba e falecido em 1936 foi o responsável pela concepção e construção do edifício que se tornou símbolo da capital paranaense. Um personagem que também teve participação importante na história do Paraná.
VÍDEO: Neta conta a história de Baeta de Faria
O legado arquitetônico de Baeta não se restringe ao prédio da UFPR. Hoje, ainda nos deparamos com outras construções em Curitiba que levam a assinatura do engenheiro, como o Castelo do Batel, o Palácio Avenida e a antiga sede do Clube Curitibano, na Rua Barão do Rio Branco. Embora sejam marcantes para a arquitetura curitibana, os trabalhos de Baeta não costumam ser difundidos no meio acadêmico, nem mesmo nos cursos de Engenharia ou Arquitetura da UFPR.
O coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Federal, Paulo Chiesa, reconhece que o que é dito em sala de aula sobre Baeta depende da fala de cada professor ao abordar o patrimônio cultural arquitetônico. O pouco peso que esse tema tem é uma falha de currículo, acredita o engenheiro civil e professor da UFPR Mauro Lacerda Santos Filho. Mesmo o Brasil sendo detentor de cerca de 120 recordes mundiais de engenharia, a maior parte dos cursos do país não inclui estudos sobre os impactos históricos da engenharia na sociedade brasileira.
"Não temos na universidade nenhum tópico sobre história da engenharia, o que é uma pena. Temos um currículo pleno e pesado e falta tempo para partes complementares, que são tão importantes quanto as profissionalizantes", afirma Santos Filho.
Patrimônio
Várias transformações foram feitas no prédio histórico da UFPR, entre ampliações e modificações que levaram o estilo original a ser esquecido. Prática que era comum no país. "A universidade deve dar exemplo, respeitar essas questões e reconhecer seu papel na defesa do patrimônio cultural e arquitetônico da cidade. Isso passa pelo reconhecimento do direito autoral dos projetos e manutenção da integridade física e cultural deles", diz Chiesa.
"Em obras de Engenharia o Brasil é um país de primeiro mundo, mas, na conservação das obras somos um país de terceiro mundo, ou quarto", completa Santos Filho.
Trajetória que marcou o Paraná
Além das obras realizadas por Baeta de Faria como engenheiro da empresa de construção civil Bortolo Bergonse, principalmente entre 1910 e 1930, ele ajudou a mapear o Paraná, foi professor de Ciências Físicas e Matemáticas UFPR e atuou como empreendedor, segundo seu neto Reinaldo Baeta. O engenheiro também foi sócio em fábricas de pregos (Pontas de Paris), papel e papelão (Rebello Faria & Cia) e fósforos (Faria & Glaser).
Como militar, na região de fronteira, Baeta trabalhou no projeto e na abertura das estradas que hoje ligam o Paraná ao Mato Grosso do Sul e Guarapuava a Foz do Iguaçu. E ele ainda seguiu o rumo da política, atuando como deputado estadual e secretário de Obras de Curitiba, época em que foram construídas as primeiras calçadas da cidade na Praça Osório e no início da Rua XV de Novembro.
Seguindo os passos do avô, a também engenheira Vivian Baeta de Faria não chegou a conhecê-lo, mas acompanhou a sua história a partir de relatos da família. "Como cidadão, ele deixou um legado de integridade, honestidade e de dever cumprido. Ele era muito meticuloso e detalhista e, pela própria formação militar, gostava que tudo fosse feito de forma a buscar a perfeição. As pranchas dos projetos elaborados por ele são exemplo disso. O desenho é primoroso", diz.
Vida na Universidade | 5:29
Vivian Baeta de Faria conta um pouco da biografia de seu avô, o engenheiro responsável pela concepção e construção de vários edifícios históricos em Curitiba. Entre eles, o prédio da Universidade Federal do Paraná, na Praça Santos Andrade.
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