A relação existente entre medicamentos que estimulam a ereção e o gene ligado ao câncer de próstata faz parte de uma pesquisa desenvolvida pelo professor Fábio Faucz e a estudante Siliane Gantzel, ambos do curso de Biologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). O trabalho chegou a ser publicado neste ano no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism e foi o primeiro no mundo a estabelecer uma conexão entre esse tipo de remédio e o tumor.
O passo inicial da pesquisa, em 2010, foi estudar pacientes com câncer de próstata para confirmar a relação do gene com a doença. No grupo avaliado, 32% das pessoas apresentaram alterações no gene PDE11A, ligadas ao aumento da velocidade de divisão das células, o que caracteriza o câncer. Na população sadia essa alteração é bem menos frequente. Confirmada essa relação, os pesquisadores isolaram culturas de células do tumor e aplicaram medicamentos para impotência. Eles observaram que os remédios favorecem a mutação e, consequentemente, aumentam a predisposição ao câncer.
Ainda não é possível estabelecer uma relação direta de causa e consequência, mas há um forte indício dessa ligação. Segundo Faucz, a confirmação não levaria à extinção dos medicamentos. "Um homem que não conseguia manter relações sexuais satisfatórias e passa a conseguir tem uma melhora muito significativa na qualidade de vida, não podemos tirar isso dele." O pesquisador garante ainda que, quando descoberto no início, o câncer de próstata tem grandes chances de cura. Portanto, a confirmação dos resultados da pesquisa ajudaria a estabelecer um maior controle da venda dos remédios e também levaria a um maior incentivo do acompanhamento médico para grupos mais propensos a desenvolver o tumor. A pesquisa de Fábio Faucz e Siliane Gantzel foi publicada em uma revista científica.
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