Expectativa e frustração. As palavras resumem a situação de centenas de universitários de instituições federais brasileiras que haviam programado passar as férias de verão trabalhando nos Estados Unidos. Como a reposição das aulas perdidas por causa dos quatro meses de greve ocorre entre dezembro e fevereiro, o consulado norte-americano informou que não liberaria o visto para estudantes de universidades federais.
A decisão provocou protestos entre os alunos, que já reuniram mais de 4 mil assinaturas em um abaixo-assinado na internet. Na última semana, várias universidades do país contataram o consulado americano pedindo a liberação dos vistos.
É o caso da UFPR, que enviou ofício às autoridades norte-americanas dizendo que seus estudantes não teriam perdas acadêmicas ao participar do programa. "Poderíamos fazer a matrícula desses alunos em um código administrativo que tem outro tratamento. Eles continuariam com o vínculo com a universidade, sem ter de trancar ou reprovar por não assistir às aulas", explica Carlos José de Mesquita Siqueira, assessor de Relações Internacionais da UFPR. Nesse caso, os estudantes atrasariam as aulas em um semestre. Entre as universidades que entraram em contato com o consulado, a do Rio de Janeiro (UFRJ) recebeu resposta negativa.
Segundo Eduardo Heidemann, diretor de programas de intercâmbio da Agência Travel Mate, apesar de toda a movimentação a favor da viagem dos estudantes, é improvável que haja mudança na decisão norte-americana. "Pelo que a gente conhece do consulado, isso não vai ser suficiente. Talvez, se houvesse intervenção do governo brasileiro, poderíamos ter uma negociação, mas não vai ser o caso", conta. Os cerca de 50 estudantes que compraram os programas pela agência têm sido aconselhados a migrar para outros programas ou podem ser reembolsados.
Indefinição
Os estudantes reclamam que só ficaram sabendo da decisão do consulado nas últimas semanas e que algumas agências ainda não se posicionaram sobre a devolução das taxas pagas pela participação em programas como Work and Travel e Disney International College.
Estudante do 5.º período de Relações Públicas da UFPR, Felipe Martins soube do cancelamento da viagem depois que já estava com as vacinas em dia, emprego garantido e quase todos os documentos prontos. Todos, menos o visto. "Tive de correr atrás dos preparativos e parece ter sido um trabalho perdido. Ainda estamos esperando a resposta do consulado, mas provavelmente terei de adiar o programa", lamenta Martins, que trabalharia em uma estação de esqui.