A imprensa é apontada por educadores como culpada pela cultura do ranking no sistema educacional brasileiro. Na semana passada, principais especialistas sobre o assunto estiveram reunidos em São Paulo em um evento que discutiu os rumos de avaliações como a Prova Brasil e Enem.
Na opinião da secretária da Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar Lacerda, divulgar somente as piores e melhores escolas sem fazer uma contextualização pedagógica é ruim. "Causa problemas de autoestima em escolas. O ranking não ajuda em nada na melhoria desses itens", diz.
Para o professor José Francisco Soares, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a divulgação feita pela mídia é falha e rasa. Soares defende que as avaliações sejam divulgadas em escalas de proficiência, que vão do péssimo ao muito bom. "Muitas vezes as escolas que aparecem como melhores têm muitas crianças com nível péssimo ou ruim de proficiência. Isso não é bom. Nosso objetivo está em fazer com que esses meninos e meninas aprendam."
Para a secretária de Educação do Tocantins e presidente do Conselho Nacional de Secretários em Educação (Consed), Maria Auxiliadora Seabra Rezende, o problema está nas comparações que são feitas em diferentes contextos socioeconômicos. "A imprensa reforça a diferença entre a qualidade de ensino público e privado, como se o público não prestasse. O dado sai seco e marca a maioria das pessoas", afirma.
Na opinião do presidente do Instituto de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Reynaldo Fernandes, não há outra forma de fazer a divulgação. O Inep é o órgão do MEC responsável pela formulação das avaliações. De acordo com Fernandes, o Inep divulga os resultados em ordem alfabética e o que a mídia faz é classificar entre os melhores ou piores. "Não vejo outra maneira de fazer isso. Em outros países também é assim."
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