Artur Ávila é matemático| Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O pesquisador do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Artur Ávila, disse hoje (20) que entende o momento de dificuldade econômica do Brasil, mas defendeu que haja cuidado nos cortes de recursos destinados à pesquisa no país, em especial na área de matemática. Artur ganhou no ano passado a Medalha Fields, considerada no meio acadêmico o Prêmio Nobel de Matemática, e foi o primeiro brasileiro a conquistar a premiação.

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O pesquisador, que participou da cerimônia de entrega de medalhas da edição 2014 da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), no Theatro Municipal, no centro do Rio, é inspiração para os alunos que se destacaram na competição e fez uma palestra hoje pela manhã, no Rio, para os medalhistas.

Para ele, esses jovens estão aproveitando as oportunidades que têm à disposição, sem deixarem de se divertir: “A Olimpíada ajuda muito na motivação porque o aluno está em um ambiente que estimula mais a criatividade e a imaginação. Isso deixa a coisa mais divertida e saudável”.

O matemático diz que, por desconhecimento, muitas pessoas sentem repulsa pela matéria e isso pode prejudicar o entendimento. Ele ressalta que existem dificuldades educacionais no Brasil que impedem o aproveitamento de talentos, mas fica satisfeito em ver tantos jovens incentivados para o estudo da matemática.

“Todos esses garotos que estão aqui entusiasmados certamente vão continuar aprendendo é vendo que o objetivo está sendo alcançado aos poucos. Ainda tem muito a ser feito, mas isso aqui é uma parte importante”, avalia.

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O professor Geraldo Amintas, da Escola Estadual Teresinha Pereira, de Dores do Turvo, na zona da mata de Minas Gerais, foi um dos dez professores homenageados na cerimônia pela participação dele nos dez anos da Obmep. Segundo ele, houve uma evolução dos alunos neste período e as competições, além de gerarem medalhas e prestígio para professores e escola, fizeram com que o ensino de matemática ganhasse uma nova dimensão.

“Hoje, temos um número muito maior de alunos interessados em matemática e também dos que deixaram a escola após concluírem o ensino médio e estão em universidades, grande parte cursando a área de exatas”, explica Amintas.

O professor, de 55 anos, acrescenta que, de acordo com um ranking divulgado no ano passado pelo Impa até a nova edição da Obmep, a cidade de Dores do Turvo, proporcionalmente era o primeiro lugar do Brasil em número de premiações na Olimpíada. A Obmep representou uma mudança na forma de Amintas trabalhar o conteúdo escolar, garante ele.

“Desde que eu comecei a trabalhar com as Olimpíadas, nós não deixamos as práticas tradicionais que são necessárias, como algumas coisas de memorização, das quais não se pode abrir mão, mas incorporei muitas coisas novas para mostrar ao aluno que matemática pode ser divertida, mais do que resolver uma equação”, diz Amintas.

O professor disse, no entanto, que a medalhas conquistadas só têm sentido e importância quando ela gera no aluno o desejo de continuar e de melhorar: “Se aquela medalha você guardou na gaveta e no futuro não conseguiu dar sequência aos estudos, com o tempo será um objeto velho, perdido dentro de uma gaveta”.

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De acordo com Geraldo Amintas, o grande problema ainda do aluno de escola pública é ele não acreditar no potencial que tem. Na avaliação dele, é costume se fazer tanta crítica à escola pública brasileira que o aluno passa a ter o sentimento de que não é bom. O professor diz que, após participar da Obmep, o jovem começa a ter outro comportamento: “Quando o menino consegue medalha de ouro, entre quinhentos alunos em um universo de mais de 18 milhões de crianças, é óbvio que a autoestima dele aumenta. Começa a perceber que a escola em que ele estuda não é o que falam dela. Essas vitórias nas Olimpíadas geraram alunos mais confiantes”.

Entre os premiados, muitos comprovam o que o professor destacou. Gabriel Fazoli participou sete vezes da Olimpíada e ganhou medalha de outro de 2008 até 2014. Agora faz o primeiro ano do curso de matemática na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em São José do Rio Preto. “Sempre gostei de matemática e acho que é um campo em que posso me dar bem. Pretendo ficar na área científica, de pesquisa, dar aula na própria universidade”, afirma Gabriel.