O Ministério da Educação reabriu nesta quarta-feira as negociações com o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-Sindicato), interrompidas desde a semana passada, depois que o MEC anunciou a decisão do governo de enviar ao Congresso uma proposta de reajuste já rejeitada pelo comando nacional de greve.
O secretário-executivo do ministério, Jairo Jorge, recebeu uma comissão de professores universitários e das escolas federais de ensinos fundamental e médio, além de servidores técnico-administrativos também em greve desde agosto, e estudantes.
Do lado de fora do prédio, cerca de 600 servidores e estudantes realizaram manifestação contra o governo e a reforma universitária. Eles levaram faixas e até um caixão com os dizeres "Não ao mensalão, queremos mais verbas para a educação".
No mesmo dia em que governo e grevistas retomaram o diálogo, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) divulgou nota defendendo a volta ao trabalho. O texto diz que as duas categorias já obtiveram ganhos na negociação e aproveita para "conclamar professores, técnico-administrativos e alunos a retornar às atividades acadêmicas e administrativas regulares". A Andifes justifica a posição argumentando que "no estado atual, depois deste longo período de paralisação, não há mais nenhuma perspectiva de negociação (dado o posicionamentos dos interlocutores nesse conflito)". A entidade lembra que os alunos e a sociedade não podem continuar sofrendo os prejuízos da paralisação.
O vice-presidente do Andes, Paulo Rizzo, considerou um avanço voltar a negociar com o MEC. Quanto à paralisação das universidades, porém, disse que o governo manteve a posição de enviar projeto de lei ao Congresso com reajuste de 9,45%.
Entre as reivindicações do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) e da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Federais Brasileiras (Fasubra) estão o reajuste de 18% para reposição da inflação do governo Lula e a realização de concursos públicos para repor os professores e técnicos nas instituições. Os manifestantes também pediram a constituição de um grupo de trabalho para avaliar a criação de uma carreira para o magistério superior federal.
Segundo os sindicatos, a paralisação atinge mais de 70% dos servidores das escolas técnicas e do Colégio Pedro II em todo o Brasil, percentual que corresponde a cerca de 58 mil servidores (23 mil professores ativos na rede federal de ensino e 35 mil técnico-administrativos).