O medo de os filhos sofrerem preconceito, não conseguirem se locomover dentro da escola ou até mesmo não terem condições de aprender as lições leva 53% dos pais de crianças com deficiência a não matricularem seus filhos nas escolas. O dado foi revelado em uma pesquisa feita pelo Ministério do Desenvolvimento Social abrangendo as famílias atendidas pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC) por viverem em estado de pobreza. De 190 mil famílias entrevistadas, 68% têm filhos matriculados, outros 18% já passaram pela escola e 14% nunca estudaram.
A pesquisa faz parte das ações do programa BPC na Escola, que busca fomentar a inclusão de crianças e adolescentes de até 18 anos na educação formal. Como o tema é novo, a coordenadora geral de acompanhamento dos beneficiários pela Secretaria Nacional de Assistência Social do Ministério de Desenvolvimento Social, Elyria Credidio, acredita que os pais têm essa percepção por fazerem parte de um grupo menos instruído e pouco consciente de seus direitos. "São famílias em condições de extrema vulnerabilidade, que têm dificuldades de transporte, poucas informações e, além disso, com o filho frequentando a escola elas temem que a criança possa se desenvolver e perder o benefício", acrescenta. A meta do programa é reverter esse quadro com ações interministeriais.
Para a assistente social Silvana Chaves, que acompanha famílias beneficiárias na Associação Ponta-grossense de Assistência à Criança Deficiente (Apacd), a inclusão dessas crianças ajuda todo o processo de inclusão. "A criança vai ter um ganho porque está se socializando com outras crianças e os outros alunos também porque vão aprender a conviver com estudantes com deficiência", opina.
O benefício é um direito constitucional e garante que famílias que tenham idosos ou pessoas com deficiência, com renda per capita inferior a R$ 127,50, possam receber mensalmente um salário mínimo do governo federal. Hoje no Brasil 1,7 milhão de crianças e adolescentes com deficiência recebem o benefício, entre elas 85,5 mil no Paraná.