De olho nele
Comportamentos que indicam que seu filho pode estar a um passo de reprovar:
- Indisciplina em sala de aula, principalmente conversinhas com os colegas.
- Falta de concentração e pensamento aéreo.
- Não fazer a tarefa de casa e trabalhos propostos pelo professor.
- Falta de vontade de participar de programas e eventos extras promovidos pela escola.
- Não ter um horário de estudo regular durante o ano, em casa.
- Faltar aulas, mesmo que vá ao colégio.
Fontes: Carlos Machado, gestor escolar do Colégio Bom Jesus; Raquel Momm, diretora do Centro Educacional Evangélico e Ermelina Bontorim Thomascheski, pedagoga e professora da PUCPR.
Na última hora
A pedagoga e professora da Universidade Positivo (UP) Liliamar Hoça dá algumas dicas do queos pais podem fazer para evitar uma reprovação nessa reta final do ano escolar. Confira:
- Procure fazer um cronograma com seu filho em que ele tenha efetivamente entre 1h e 1h30 de estudo por dia.
- Converse com o professor e descubra exatamente em quais pontos da matéria ele têm dificuldade.
- O estudo deve estar focado na disciplina que o aluno não compreende bem. Insista para que ele anote enquanto lê, sublinhe o que não entendeu e até faça desenhos e colagens, para reforçar o que acabou de aprender.
- Proponha outras leituras fora do que é dado pela escola, para estimular o cérebro e a memória.
- Sente para estudar junto com ele. Leia algumas partes da matéria para ele, ou peça que ele leia para você.
- Faça uma lista de tarefas que ele deve cumprir em casa. Estabelecer um rotina, além da de estudo, faz com que ele se organize melhor e fique mais tranquilo para estudar.
- Se ele passa a tarde toda vendo televisão, por exemplo, combine com ele que, até acabar o ano letivo, ele escolha apenas um programa para assistir. E que nos outros horários ele estude ou faça outras tarefas de casa.
- Ao final do dia pergunte a ele o que aprendeu e peça para que conte tudo, com detalhes. Pode parecer simples, mas ele terá de forçar a se lembrar e assim também estará estudando.
Quando a recuperação não funciona
Todos os anos cerca de 9% dos estudantes de ensino fundamental do Paraná reprovam, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Destes, 8% são da rede pública e menos de 1% da particular. Em ambos os casos, para chegar nesse estágio é preciso que a recuperação não funcione como deveria.
As aulas estão chegando ao fim e, para alguns estudantes, a hora é de decisão. Para os que garantiram boas notas durante o ano, a sensação é de alívio e ansiedade pelas férias. Para os que não foram tão bem, o momento é de tensão. Mas os educadores garantem: há luz no fim do túnel. Mesmo faltando cerca de um mês para o fim do ano letivo, ainda dá para correr atrás do prejuízo e escapar de uma reprovação.
O primeiro passo para recuperar a nota é saber exatamente onde está a dificuldade do aluno. "Não adianta dizer que ele está mal em Matemática ou Português. É preciso diagnosticar exatamente qual parte dessas disciplinas ele não domina, como logaritmos, por exemplo, e investir pesado nisso, seja com aulas de reforço na escola ou com acompanhamento dos pais em casa", diz o gestor educacional do Colégio Bom Jesus Carlos Machado.
Em todas as escolas, sejam particulares ou públicas, a recuperação não acontece uma única vez no fim das aulas, mas sim ao longo do ano, seja ela bimestral, trimestral ou semestralmente, dependendo da instituição. Portanto, o aluno tem diversas chances de melhorar um mal desempenho. A recuperação que acontece em dezembro diz respeito às notas baixas do quarto bimestre. "Além disso as avaliações de hoje não são apenas uma questão de nota, mas de um conjunto de atividades que o aluno faz, como trabalhos, lição de casa, atividades extracurriculares e participação em sala. A nota que vai no boletim contempla tudo isso e é também o que o conselho de classe vai levar em conta na hora de decidir pela aprovação de um aluno que não alcançou nota", explica a pedagoga e professora da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) Margareth Maria Schroeder.
Mas, os pedagogos e psicopedagogos advertem que se o aluno foi mal o ano todo, para se recuperar agora provavelmente não conseguirá fazer isso sozinho. O apoio da escola e principalmente dos pais é essencial. Segundo a psicopedagoga e diretora da Escola Atuação, Esther Cristina Pereira, a hora de uma conversa franca, de ver com o filho em qual ponto ele errou e o que pode ser corrigido é agora. Vale até contratar uma professora particular. "O que não adianta é o pai querer negociar com a escola, pedir que o professor dê trabalho extra ao filho para melhorar a nota, porque não seria correto com o restante da turma e foge do padrão das escolas, daquilo que elas programaram para o ano todo."
Jogo limpo
A maioria das escolas chama os pais no início do ano para explicar quais as normas de avaliação. Entre elas incluem a média que geralmente fica entre 6 e 7 , período de provas e regras para entregas de trabalhos e deveres. Algumas instituições fazem também um diagnóstico de aprendizado da série anterior para saber o que o estudante lembra e se está pronto para acompanhar novos conteúdos.
O Centro Educacional Evangélico segue essa linha. Segundo a psicóloga e diretora, Raquel Momm, com essa avaliação inicial que acontece depois de dez dias do começo das aulas a família tem a primeira ideia de como está sendo o desempenho do filho. "Nesse momento os pais da criança que apresenta alguma dificuldade e que vai precisar de acompanhamento são avisados. Ou seja, se o aluno continuar com dificuldades, a família saberá e não terá uma surpresa ruim somente no fim do ano."
Para os que estão com problemas em alguma matéria, a recuperação paralela é feita de forma diferente em cada escola. No Centro Educacional Evangélico, por exemplo, a nota que vai no boletim é a média da que ele tirou no bimestre com a avaliação da recuperação. "A média para aprovação é 6, mas premiamos ao final do ano aquele aluno que tira tudo acima de 8, para garantir que o bom estudante, que atingiu média geral suficiente já no terceiro bimestre, não relaxe no último, comportamento que é bem comum", explica Raquel.
Mas, mesmo com as recuperações ao longo dos meses, alguns alunos arrastam as notas baixas por todo ano, o que indica que as chances de reprovação aumentam. Neste caso é preciso uma medida mais drástica. "Se chega setembro e a situação não melhora, chamamos novamente os pais e fazemos um cálculo de quanta nota o aluno precisa para ser aprovado e oferecemos aulas de apoio, para que ele comece os últimos meses de aula focado no que precisa. Uma escola que deixa para avisar isso apenas em cima da hora erra feio", diz Esther.