Elas não se sentiriam muito bem falar de "certas coisas" em sala de aula junto com os meninos. Muito menos gostariam de conversar sobre sexo com as mães. "Não dá para contar nada para elas. Parecem rádio-corredor. Contou alguma coisa e pode esquecer, cai na boca de todo mundo", comentam as estudantes da 6ª série Joana Salbag, 11 anos, Alessandra Mathias, 12, Letícia Cubas, 11, e Victoria Frizzo, 12.
As quatro colegas participaram de uma oficina de orientação sexual no Positivo e contam que aprenderam muito, desde questões de higiene até pequenas dúvidas relacionadas ao universo masculino. "Se a gente não estivesse só entre mulheres, não ficaríamos à vontade para falar só sobre menstruação e tensão pré-menstrual (TPM). Na sala não podíamos dar uma resposta atravessada que os meninos já brincavam e diziam que era TPM. Até parece que acontece toda hora. Agora esse tipo de brincadeira parou um pouco", diz Amanda.
Na opinião da socióloga e professora de Pedagogia Eliane Basílio de Oliveira, a orientação sexual nas escolas ainda carrega muito a análise biológica e questões ligadas à saúde. "Ainda não se fala em afetividade e há dificuldades em discutir a homossexualidade. Todas as discussões ficam no âmbito heterossexual, o que pode trazer problemas muito graves, como a homofobia", diz.