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Ensino superior

Os especiais na lista de presença

A inclusão de pessoas com deficiência em cursos presenciais de graduação aumentou 425% nos últimos nove anos. De acordo com dados do último Censo da Edu­­cação Superior, divulgado no mês passado, o Brasil alcançou, em 2008, o número de 11.412 portadores de necessidades especiais matriculados em universidades e faculdades. No entanto, eles representam somente 0,22% dos mais de 5 milhões de universitários.

Segundo o IBGE, existem no Brasil mais de 24,6 milhões de portadores de necessidades especiais. Não há, porém, números exatos sobre quantos estão cursando ou já concluíram o ensino médio e estariam aptos a buscar uma vaga na universidade.

O aumento de pessoas com deficiência no ensino superior, segundo educadores, está relacionado com as novas políticas de inclusão e com uma maior conscientização promovida por movimentos sociais e organizações não-governamentais.

O Ministério da Educação comemora. "A inclusão está efetivamente se implementando", opina a coordenadora-geral de articulação da política de inclusão com os sistemas de ensino, Sinara Zardo. Apesar do crescimento, especialistas afirmam que ainda há muito o que ser feito. O principal entrave para o aumento da inclusão é a acessibilidade arquitetônica e de comunicação. Prédios mal adaptados e a falta de preparo dos docentes são barreiras frequentes. "A chegada desses estudantes exige que a instituição pense num planejamento quase que individual, e isso é muito trabalhoso", afirma a psicopedagoga da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Liliana Emparan.

Para tentar garantir o acesso de pessoas com deficiência à educação, há uma série de leis e normas. Entre elas está o decreto n.º 186, de 2008, que ratifica o texto da Organização das Nações Unidas sobre os direitos das pessoas com deficiência e afirma que os sistemas educacionais, em todos os níveis, devem ser inclusivos.

Obstáculos

Sara Bentes, de 27 anos, desistiu da faculdade de Jornalismo em 2005, no último ano. Ela nasceu com glaucoma e hoje tem menos de 5% da visão. "Só consegui chegar até o sétimo semestre porque tinha ajuda dos colegas e da família."

Segundo Sara, os professores não levavam as provas em arquivo de computador (para ela transformar em áudio por meio de um programa) e, quando faziam, ela tinha que ir sozinha ao laboratório de informática, que normalmente estava trancado. "Tinha que procurar quem estava com a chave. Era eu contra todos."

Outra dificuldade é o próprio mercado de trabalho que, mesmo com a lei de cotas, de 1991, ainda apresenta entraves. "Se eu escrever no currículo que sou ‘deficiente auditiva com perda profunda’, dificilmente o empregador imaginará que escrevo, falo e escuto bem com aparelhos", conta Cristina Bicudo, de 34 anos.

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