Laboratório de Habilidades Clínicas e Simulação da UP| Foto: Felipe Rosa / Gazeta do Povo
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Laboratório de Habilidades Clínicas e Simulação da UP
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Eles parecem videogames desenvolvidos para adultos, mas a sua utilidade está longe do entretenimento. Simuladores têm sido usados em vários cursos superiores para facilitar a dinâmica das aulas e trazer mais realismo aos estudos. Assim como um piloto usa softwares e equipamentos para aprimorar seu desempenho, testar planos de voo e simular falhas mecânicas em um avião, acadêmicos de diversas áreas têm o computador como um aliado à formação. Entre as possibilidades estão experimentar propriedades da Física – como movimento, som, radiação e calor – e até testar procedimentos médicos em animais robotizados. O resultado é um recém-formado pronto para a prática da profissão.

VÍDEO: Ratinhos virtuais no aprendizado do comportamento humano

Nas Engenharias, os simuladores são fundamentais, pois, ao lado dos cálculos matemáticos, ajudam a tornar processos mais eficientes, seguros e baratos. O professor de Engenharia Mecânica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) José Foggiatto mostra como exemplo as análises térmicas e os programas que avaliam a resistência de materiais a partir de testes do esforço a que eles são submetidos. "Não se coloca uma peça em um carro sem antes simular e avaliar a geometria e a tensão", explica.

A evolução dos simuladores também contribuiu muito para a segurança. Em indústrias, pela automação, um braço de robô pode ser projetado para substituir pessoas na área de soldagem, por exemplo. "Sem o simulador, haveria muita chance de erro na linha de produção. Os robôs podem substituir homens em serviços perigosos e livrá-los de problemas de saúde", explica Foggiatto.

Humanização do ensino

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Em cursos de outras áreas, como Medicina, Odontologia, Veterinária, Enfermagem, Fisioterapia e Educação Física, também há cada vez mais opções de programas de computador capazes de simular procedimentos e reações humanas e animais. Entre as imitações possíveis estão a dissecação, o laboratório e a realidade virtual.

Na dissecação virtual, por exemplo, é possível avaliar uma rã pelos seus sistemas esquelético, muscular e digestivo, em diferentes camadas e níveis de transparência. Laboratórios computadorizados permitem estudos específicos, como analisar a fisiologia dos nervos com o uso do mouse. Já a realidade virtual usa a tecnologia dos jogos para simular procedimentos clínicos.

Segundo Ipojucan Calixto Fraiz, coordenador do curso de Medicina da Universidade Positivo, o uso de softwares simuladores e de peças sintéticas na formação dos médicos representa avanço nas propostas de humanização do ensino. "Os alunos têm atividades no Laboratório de Habilidades Clínicas e Simulação e no Morfofuncional durante os dois primeiros anos de formação, antes de frequentar os hospitais, o que representa o respeito aos futuros pacientes", afirma.

Veja fotos do Laboratório de Habilidades Clínicas e Simulação e do Morfofuncional da UP.

Investimento

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O alto investimento é um dos empecilhos para a disseminação de simuladores modernos em universidades brasileiras. Apesar do custo elevado, a bióloga e mestre em Microbiologia Nagomi Kishino defende que o gasto compensa. "Eles [os simuladores] têm a vantagem de serem usados repetidas vezes. Assim, em um curto espaço de tempo, compensam os gastos com a manutenção de um biotério [onde são criados os animais para pesquisa e ensino]", afirma.

Resistência é superada com o tempo

Entre os principais objetivos do uso de simuladores na área da Saúde está a substituição de cadáveres e animais nos laboratórios das universidades. Apesar da resistência de professores e alunos em relação à troca, a comprovação da eficiência das novas alternativas tecnológicas sustenta a mudança adotada pelas instituições, segundo João Bizario, diretor de Ciências da Saúde da Laureate Brasil, rede internacional com 11 faculdades no país.

Na Laureate, a oposição foi contornada com a capacitação de docentes, que passaram a conhecer novos métodos de ensino em visitas a outras instituições nacionais e estrangeiras. Com o tempo, os estudantes também desmistificaram a ideia de que precisam trabalhar com cadáveres ou animais e perceberam a importância dos simuladores. "Nossos alunos podem desenvolver competências – como passar sonda, fazer intubação ou aplicação de medicamentos – em robôs que representam o corpo humano completo. Usamos simuladores de alta complexidade para que não atendam um paciente sem ter feito aquele procedimento antes", explica.

Fórmula 1

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Segundo Nain Akel, coordenador do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), se um piloto de Fórmula 1 mentaliza um circuito e pratica manobras usando uma espécie de videogame, estudantes também podem desenvolver capacidades com o uso de simuladores. "Por que o professor precisa usar o rato de laboratório com os alunos se já temos um software eficiente que o substitui?", questiona.

>>> Confira as opiniões de alunos de diferentes cursos sobre o uso de simuladores na faculdade:

"Não tivemos contato com simuladores, mas você chega às empresas e elas só usam esses softwares. Quem não faz curso por fora tem de aprender na marra. A universidade deveria ensinar as ferramentas que as empresas usam atualmente."Leandro Mendes, recém-formado em Engenharia Mecânica.

"Na minha formação tive experiência rica usando ratos, pombas, rãs, peixes e insetos. O aluno precisa mesmo mexer nesses animais? Algumas coisas mudaram. Hoje, na UEL, o insetário [mostruário de insetos], que levava à morte centenas de insetos, não é mais feito, assim como o eletrocardiograma de rãs. Contudo, os professores ainda não têm o costume de oferecer alternativas."Nagomi Kishino, bióloga e mestre em Microbiologia.

"Em algumas disciplinas, os simulares podem ser essenciais ao aprendizado. Considero de grande importância o uso ético de animais e cadáveres no ensino. Em Farmácia, temos aula de Anatomia com cadáveres humanos e usamos animais para ensaios pré-clínicos de drogas e medicamentos. Sem o uso deles não seria possível fazer esses estudos."Kleber Berté, formado em Farmácia.

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"Durante as aulas, não tivemos contato com cadáveres. Só com vídeos, bonecos e peças sintéticas. Se desse para trabalhar com o real, pelo menos nas aulas de Anatomia, seria melhor, pois as peças não permitem ver todos os detalhes. Mas não posso dizer que não aprendi ou que o ensino foi prejudicado por isso."Vagner Machado Gueber, recém-formado em Enfermagem.

>>> Como simuladores são ou poderiam ser usados em sua formação? O aprendizado é eficiente? Deixe a sua opinião!

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Vida e Cidadania | 3:23

Um programa chamado Sniff foi adotado pelo curso de Psicologia da PUCPR e deve livrar centenas de ratinhos da vida dentro do laboratório do Biotério. O software é mais uma das ferramentas que substituem o uso de animais nas graduações.

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