No começo do ano, o estudante do ensino médio Gabriel Filippini, de 16 anos, fez ao professor de tecnologia de uma escola pública nos Estados Unidos uma pergunta incomum: eles poderiam usar a impressora em sala de aula 3-D para confeccionar uma mão para seu irmão mais novo?
Lucas, de 6 anos, nasceu sem a mão esquerda. No jardim de infância, ele era capaz de desempenhar quase tudo que outros meninos da sua idade faziam, como fechar o zíper da jaqueta, andar de bicicleta, subir no trepa-trepa com a palma da mão. Mas no ensino fundamental, Lucas encontrou um problema que não conseguia resolver: amarrar seus cadarços.
Preocupada com o menino, a família de Lucas inscreveu-se em um programa público de voluntários que criam próteses a partir de impressoras 3-D. Realizado com dinheiro público e com muitas demandas, o processo estava demorando muito e o menino estava ficando triste e impaciente.
Ao ver a impressora 3-D em sala de aula do professor Kurt O’Connor, Gabriel decidiu propor ao professor usá-la para fazer a prótese. O modelo para a prótese poderia ser obtido com a ajuda dos voluntários.
A princípio, o professor se resistiu à ideia, porque não acreditava que iriam conseguir a façanha. Ele era apenas um amador no uso de impressoras 3-D e até então só tinha construído quebra-cabeças pequenos, chaveiros, peças para moldes de foguetes, todos muito menos sofisticados que a prótese de uma mão. Mas como Gabriel insistiu, contando do sofrimento do irmão na escola, o professor consentiu.
Gabriel ajudou O’Connor identificar um modelo e trabalhou para dimensioná-lo nas proporções de seu irmão. Foram cerca de 40 horas para construir a mão, incluindo 30 horas de impressão e a demora em montar as peças meticulosamente. O’Connor teve de deixar de lado dois modelos que eram demasiado grandes para Lucas – mas ele pretende guardá-los para que o menino tenha ‘mãos adicionais’ à medida que cresce.
O grupo Maker Smith, que oferece espaço e equipamento para amadores de alta tecnologia e inventores, também ajudou o professor com o projeto, doando um material caro e flexível para formar as articulações dos dedos.
No sexto aniversário de Lucas, há duas semanas, sua mãe, Romina Barrera levou o filho para a sala de aula de O’Connor, onde ele experimentou a prótese da mão pela primeira vez. Ele pegou o celular de sua mãe, agarrou copos e pequenas caixas antes de dar uma volta pelo colégio e fez questão de cumprimentar a todos com a prótese.
“Eu não sei se eu já tinha visto alguma vez tamanha emoção ou sentido algo assim”, disse o professor O’Connor. “Foi muito legal.”
A mão está ligada ao braço de Lucas com velcro. Ao dobrar o pulso, ele pode manipular os dedos para pegar as coisas. Em seu aniversário, ele começou a pegar pequenas caixas. Agora, está desenvolvendo com calma os músculos que vai precisar para ter mais destreza, passando para manipular objetos menores, como copos ou pilhas de papel.
Agora, O’Connor está animado a ensinar outros estudantes a fazer próteses e, assim, ajudar o programa do governo. Já Lucas reafirmou que o único problema do mundo real que ele gostaria de conquistar por agora é a única tarefa que o diferencia de seus colegas na escola: amarrar os cordões dos sapatos.
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