Integrantes de sindicatos dos professores do ensino superior entregam, nesta quarta-feira, ao Ministério da Educação, um documento com a contraproposta da categoria, incluindo os aumentos salariais. Uma reunião foi marcada para a tarde desta quarta-feira em Brasília, com o secretário adjunto do MEC, Ronaldo Teixeira.
Professores de mais de 30 universidades estão em greve há 50 dias. As reivindicações são as seguintes: equiparação da Gratificação de Estímulo à Docência (GED) e da Gratificação Específica de Atividade Docente (GEAD) pelos valores máximos por titulação, criando uma gratificação fixa, com paridade entre ativos, aposentados e pensionistas; reajuste de 18% no vencimento básico retroativo a maio de 2005; criação da classe especial nos 1º e 2º graus e associado no ensino superior a partir de janeiro de 2006; realização de concurso público com recursos que não interfiram no montante destinado às demais reivindicações, e criação de um grupo de trabalho com a participação do Andes/SN e Sindicato dos Servidores Federais da Educação Básica e Profissional (Sinasefe) para definir critérios da nova carreira.
Na última sexta, o MEC anunciou um reajuste salarial de 25%, que será possível com a liberação de R$ 500 milhões, autorizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O vice-presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Paulo Rizzo, alertou, no entanto, que o percentual de aumento não é linear, nem será concedido de imediato.
O principal entrave está nas gratificações, que representam até 60% dos salários. Os grevistas exigem a incorporação aos vencimentos. "Esse aumento só deve ocorrer em alguns casos isolados e atinge apenas os profissionais que tiverem evolução na carreira", disse Rizzo.
O ministro afirmou, porém, que essa é a melhor proposta dos últimos dez anos. Em relação às propostas apresentadas pelo MEC, os sindicatos aceitaram apenas a criação da classe de professor associado e a elaboração de um grupo de trabalho. As demais (aumento dos atuais percentuais de titulação em 50%, alteração da diferença entre vencimento básico da classe de professor adjunto 4 para o vencimento básico do cargo de professor titular em 5%, modificação da pontuação da GED e ampliação da pontuação da GED para os inativos em 24 pontos a partir de julho de 2006) foram rejeitados por unanimidade.
Cerca de cem professores se revoltaram na sexta-feira passada e chegaram a invadir o prédio do MEC para protestar. Eles carregavam apitos e faixas escritas "Dia do professor: comemorar o quê?". E gritavam frases de efeito como "Dinheiro para educação não é para o mensalão", "Para os servidores, feijão com arroz, e para os deputados, caixa um e caixa dois", "Ficar de greve não é gostoso, o descaso do governo que é vergonhoso".