Alunos na saída do das provas neste domingo (27)| Foto: Gazeta do Povo/Jonathan Campos

A prova de compreensão e produção de textos do vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), aplicada neste domingo (27), exigiu menos criatividade, mais atualidade e percorreu caminhos polêmicos ao pedir a opinião dos alunos sobre seus posicionamentos políticos. Aplicado a cerca de 14,5 mil participantes, o exame fecha o processo de seleção 2016/2017 da maior instituição de ensino superior do estado.

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Conforme alguns estudantes, a prova deste domingo exigiu o domínio dos seguintes gêneros textuais: resumo, argumentação, dissertação, opinião, além de interpretação de gráficos e charges.

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Os alunos tiveram de resumir um texto que abordou os processos de comunicação, relacionando os processos de fala e escrita. Em outra questão, uma tira em quadrinhos foi o ponto de partida para que se dissertasse sobre como a desigualdade social afeta o desenvolvimento científico. Outro ponto foi a apresentação de um gráfico que trouxe o índice de leitura em cada uma das regiões brasileiras. Conforme os alunos, a ideia era expor as informações contidas no gráfico.

Outro texto deveria ter sido construído com base em uma entrevista do filósofo Jason Brennan, publicado no jornal Folha de S. Paulo. A questão pedia para argumentar sobre a ideia de Brennan, que sugere que apenas uma elite com conhecimento aprofundado sobre temas de relevância nacional possa tomar decisões – a chamada epistocracia. Para o filósofo, três grandes acontecimentos do ano (a ascensão de Donald Trump, o Brexit e rejeição do acordo de paz firmado entre as Farc e o governo da Colômbia) foram escolhas irracionais feitas por pessoas com informações suficientes sobre os assuntos.

Para os vestibulandos ouvidos pela reportagem, o ponto mais polêmico da prova foi a questão que pedia para que eles opinassem sobre seus posicionamentos políticos. Conforme os alunos, o enunciado trazia definições sobre conceitos ideológicos “esquerda”, “direita” e “centro”. A partir daí, devia-se escolher a definição mais “agradável” e explicar o porquê.

“Isso foi polêmico”, resume a candidatada Bárbara Ehler, que concorre a uma vaga no curso de Jornalismo. Ela explica que um destaque ao lado da questão ressaltava que os alunos não seriam avaliados pelo posicionamento que assumissem, embora o tema já comece a dar o que falar nas redes sociais.

“UFPR pedindo posicionamento político em redação é isso mesmo?” [sic], escreveu uma candidata no microblog Twitter. Na mesma rede, outra candidata diz: “e a ufpr que pediu uma redação sobre qual o seu posicionamento político não achei que viveria p ver isso num vestibular” [sic].

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Para Richard Oliveira, de 17 anos, a questão, embora polêmica, foi agradável. Ele resumiu a prova deste domingo da UFPR como “legal de fazer” porque permitiu uma boa reflexão sobre os assuntos. “Até achava que iria ser mais difícil”, comentou o aluno, que disputa uma vaga para Ciências Sociais.

Concorrente direta de Richard, Thalia de Nazaré da Luz, que veio de Joinville, destacou o nível de atualidade das questões: “acho que quem estava mais por dentro das questões de atualidade conseguiu se dar melhor”. Khauane Paiana, de 18 anos, que também almeja cursar Ciências Sociais, completa que as provas foram justas, mas, que assim como neste sábado (26), o grande inimigo foi o tempo. “Estou confiante, mas o que apertou mesmo foi o tempo. É meio complicado”, aponta.

Richard Oliveira, de 17 anos, disputa uma vaga para o curso de Ciências Sociais
Maria Elen Braga de Birto, de 17 anos, tenta uma vaga em Química. Ela conseguiu terminar a prova em 2 horas e 10 minutos e achou as questões “tranquilas”
Parte dos candidatos realizou as provas na Opet, em Curitiba
Thalia de Nazaré da Luz e Khauane Paiana: elas esperam ir bem nas provas e se tornarem colegas de curso. As duas querem ser aprovadas para cursar Ciências Sociais