Os professores e técnicos administrativos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) reelegeram Carlos Augusto Moreira Júnior para o cargo de reitor da instituição nesta quarta-feira. Porém, entre os estudantes, o reitor foi derrotado para o segundo colocado, o professor Francisco de Assis Marques, com uma diferença de 1.218 votos, ou 19 pontos percentuais. Apesar do resultado entre os estudantes, Moreira Júnior considera a participação de um quarto dos alunos pequena, o que para ele não caracterizaria uma má administração.
Dos 26.412 alunos da UFPR, 6.390 votaram, o equivalente a 24,19%. Do total de votos, 3.265 foram para Assis Marques (51,09%) e 2.047 (32,03%) para Moreira Júnior. Outros 278 (16,87%) foram destinados ao terceiro colocado, Cid Aymbiré. Entre os 3.288 professores, 1.828 (55,6%) votaram. Moreira Júnior teve 944 (51,64%), Assis Marques teve 613 (33,53%) e Aymbiré teve 271 (14,82%). Dos 7.820 técnicos administrativos, 4.086 (52,25%) participaram da eleição para reitor. Destes, 1.963 (48,04%) votaram em Moreira Júnior, 1.912 (46,79%).
Considerando o universo dos votantes, que foram 12.304, Moreira Júnior vence com 46,66%, Assis Marques com 41,95% e Aymbiré com 11,38%, conforme dados da UFPR. Até o dia 30 de novembro a UFPR encaminhará a lista tríplice com os nomes dos candidatos, do mais votado para o menos votado, ao ministro Fernando Haddad, da Educação, que definirá quem será o novo reitor. No caso da UFPR, a indicação da comunidade universitária sempre foi respeitada pelo ministério. A posse será em Brasília, no dia 25 de abril de 2006.
Em entrevista à Gazeta do Povo Online, na tarde desta quinta-feira, Moreira Júnior comentou como recebeu a rejeição de parte dos acadêmicos da UFPR. O reitor reeleito falou ainda sobre as prioridades da nova gestão, o que muda para os próximos anos e faz uma avaliação sobre este segundo ano de implantação do sistema de cotas sociais. Confira os principais trechos da entrevista.
Gazeta do Povo Online - Existe algum temor de o MEC não aprovar o seu nome?Carlos Augusto Moreira Júnior - Não vejo nenhuma dificuldade quanto a isso, não há nenhum temor. O ministro tem sempre se comprometido a nomear o mais votado da lista.
Quais são as prioridades agora? O que a gente pretende para esta próxima gestão é definitivamente consolidar os avanços feitos, especialmente nos processos de abertura da Universidade para a sociedade, como a questão da ocupação das vagas, das políticas afirmativas e a expansão da Universidade para o litoral, a gente entende que isso é importante. Alguns ajustes até podem ser feitos em algumas dessas políticas, especialmente a terceira fase do Provar, mas de resto a gente quer manter basicamente igual. No que diz respeito a novos patamares, acho que nós temos que dar um reforço na assistência estudantil, isso é importante.
Qual seria este reforço?Aumentar o número de bolsas, construir um novo restaurante universitário no Centro Politécnico. Nós estamos sem dívidas, a Universidade está saneada financeiramente, o nosso orçamento vem aumentando a cada ano, passou do quinto para o quarto orçamento das federais brasileiras, isso permite agora um fôlego adicional para se investir pesadamente na infraestrutura, tanto laboratórios para pesquisa, quanto espaços físicos novos do ponto de vista didático e acadêmico. Isso vai ser uma conquista importante. Ainda eu acho que há uma situação que é a acessibilidade em nossos campi para portadores de necessidades especiais e por último a questão da internacionalização da Universidade, porque amplia a oportunidade de pesquisa, de intercâmbio entre estudantes e professores. É um viés que a gente quer tomar nessa próxima gestão.
Entre as prioridades, qual a primeira medida a ser tomada?A primeira coisa é construir o novo Restaurante Universitário do Centro Politécnico. Isso já está com o projeto pronto e a obra está em licitação. É uma obra grande, que vai atender cinco mil refeições diárias. A gente quer começar isso o mais breve possível, para que por volta de julho, agosto do ano que vem esteja inaugurado.
O que muda nesta nova gestão?É uma nova composição. A vice-reitora é outra pessoa. Certamente a gente vai ter que rever alguns cargos, vamos ter que rever algumas posições. Mas, em geral, nós manteremos a mesma diretriz.
Qual a sua avaliação sobre o sistema de cotas que implantou no vestibular de 2005 e vai para o segundo ano em vigor?Os números que têm chegado a mim são bons. Não há diferenças de rendimento escolar entre cotistas e não cotistas. A gente está bastante contente com o processo, tanto é que repetimos neste vestibular da mesma forma como anteriormente. Espero que a gente para o próximo ano possa ter uma avaliação um pouco melhor, já que vamos ter dois anos de cotas na Universidade. Mas uma coisa é inegável, mudou o perfil das turmas. A gente vê agora pessoas negras onde a gente raramente ou nunca via.
Como o senhor vê a derrota entre os alunos da Universidade?Entre os alunos nós perdemos, com 32% contra 51% do candidato que é o segundo sempre na competição. Mas há uma avaliação importante aqui, apenas 24% dos alunos compareceram para votar. De qualquer forma, é um recado, uma mensagem que a gente recebe da categoria estudantil, que tem que reforçar a assistência estudantil comentada antes, mas ainda a gente vê como uma representatividade pequena, 24% do universo eleitoral. De toda forma, a gente entende isso como uma mensagem importante para a próxima gestão.
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