Seguir uma carreira de boas perspectivas não significa ter sucesso

O senso de oportunidade deve ser guiado pela prudência, segundo a coordenadora do curso de Gestão de Recursos Humanos do Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba), Elza Soavinsky. A professora alerta que ingressar simplesmente em uma área promissora não garante sucesso.

"É preciso ter cuidado para não embarcar nas tendências sem ter vocação porque dificilmente isso trará realização profissional", afirma. Elza cita como exemplo as carreiras ligadas aos serviços a idosos – mercado em alta devido à crescente expectativa de vida na maioria dos países ocidentais. Segundo ela, cursos de curta duração, que prometem capacitação rápida, raramente são suficientes para preparar um profissional para os desafios da área.

Contato prévio

Além das pesquisas divulgadas pelo mercado, a professora recomenda aos interessados em profissões promissoras que conversem com quem já trabalha na área e verifique as reais opções de ocupação na cidade onde pretende trabalhar.

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Na lista

Entre as profissões promissoras listadas em alguns estudos estão engenheiro biomédico, radiologista, coordenador de eventos, intérprete, terapeuta familiar, fisioterapeuta, dentista, fonoaudiólogo, educador em saúde, profissionais sustentáveis e ligados à vida digital.

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Previsões do futuro são sempre contestáveis, mas quando pesquisas tomam como base dados concretos e tendências mensuráveis, são bastante úteis para que o universitário tome decisões mais embasadas. O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos publicou recentemente um desses relatórios, no qual faz projeções sobre as carreiras que mais devem contratar até 2018. No Brasil, o Ministério do Trabalho não faz esse tipo de levantamento, mas instituições privadas conduzem estudos semelhantes que podem ajudar quem quer fazer a aposta certa na hora de planejar o futuro profissional.

A pesquisa norte-americana, naturalmente, foi desenvolvida com base em dados de cidadãos daquele país e o resultado vale para quem está por lá, porém analistas ouvidos pela Gazeta do Povo concordam que há certas áreas em que a tendência de crescimento é global e o aumento na procura de profissionais também será sentido no Brasil. São listadas no relatório americano as carreiras de engenheiro biomédico, radiologista, coordenador de eventos, intérprete, analista de pesquisas de mercado, terapeuta familiar, fisioterapeuta, dentista, fonoaudiólogo, educador em saúde, entre outros.

Sustentabilidade

Seguindo um caminho com traços parecidos, a pesquisa Profissões do Futuro 2020, divulgada em março deste ano em indústrias de todo o país pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), dá destaque a carreiras que envolvem meio ambiente, biotecnologias, mobilidade urbana, petróleo e derivados.

Para o professor Giuliano Breda de Souza, coordenador do curso de Gestão Industrial no Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba), a questão da sustentabilidade chegou para ficar. "Quem quiser uma boa colocação na indústria tem que pensar em como ser sustentável socialmente, ambientalmente e economicamente", diz. Segundo ele, há uma clara mudança de mentalidade nas gerações mais novas no que diz respeito à obsolescência dos produtos. Ao contrário do modo como o setor trabalha hoje, fazer com que tudo dure mais – usando menos recursos – será como uma regra universal.

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Vida digital

Indo além do setor industrial, o professor e pesquisador da área de Sociologia das Profissões Marciano de Almeida Cunha, do curso de Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), afirma que as ocupações mais procuradas estarão vinculadas à vida digital, como a Engenharia de Software e todas as ramificações da Tecnologia da Informação. "Uma necessidade latente é a de segurança da informação. Com ocorrências cada vez mais frequentes de vazamentos de dados, essa é uma área promissora", afirma.

Seguindo essa linha, o professor considera que as áreas do direito digital e do comércio eletrônico ainda têm muito a serem desenvolvidas e oferecerão boas oportunidades. Sobre as engenharias tradicionais, Cunha tem uma visão menos otimista. "São promissoras neste momento, mas o país não vai continuar crescendo para sempre. No futuro, haverá poucas pessoas numa obra porque ela estará automatizada", considera.

Que outras profissões você acha que terão futuro no Brasil?