Weber Moragas está no último ano de Medicina e sabe que a devoção à profissão é eterna.| Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo

Relato "É preciso cuidado para não abraçar o mundo"

Weber Ribolli Moragas, 23 anos, formando de Medicina na Faculdade Evangélica do Paraná.

O acadêmico de Medicina precisa ser dedicado para aliar o conhecimento teórico à prática clínica. No começo, disciplinas tradicionais nas áreas biológicas preencherão o dia e ainda serão necessárias algumas horas nos laboratórios ao lado de peças cadavéricas, lâminas e tubos de ensaio. Na metade do curso, passamos a ter contato com pacientes e aparece o desafio de aprender a aliviar o sofrimento diante da morte. Nesse período, também encontramos várias atividades extracurriculares e de engajamento social: monitoria, projetos de extensão, centro acadêmico, associação atlética, pesquisa, estágios. É preciso cuidado para não querer abraçar o mundo e esquecer-se dos estudos. Depois vem o almejado internato e a oportunidade de vivenciar atividades práticas integralmente, colaborando com serviços na emergência do hospital, centro cirúrgico, ambulatório e unidades de saúde. A família e os amigos entenderão as exigências que antecedem uma prova ou durante o plantão. É com otimismo e vocação que se enfrenta cada dificuldade dos seis anos do curso, mas não acaba aí. A devoção à Medicina e àqueles que necessitam de ajuda é eterna. O médico precisa sempre se atualizar e se envolver com pesquisas acadêmicas.

CARREGANDO :)

No curso, que costuma ter as maiores concorrências nos vestibulares – no último concurso da UFPR, foram 70,59 candidatos por vaga em Medicina –, os estudantes se deparam inicialmente com uma grande carga teórica para depois conviver com os pacientes. Se você está pensando em percorrer esse caminho, confira o que deverá encontrar pela frente, independentemente da instituição de ensino que escolha

Publicidade

O início

É preciso paciência no começo do curso. Os primeiros anos têm muita teoria, com aulas de Anatomia, Fisiologia, Farmacologia e Microbiologia. Aproveite essa fase para se ambientar dentro da faculdade. De prática, só olhar no microscópio, mexer em tubos de ensaio e ver um ou outro cadáver. "O início da faculdade é muito chato, para falar a verdade. A gente passa por várias decepções no decorrer do curso, mas vale a pena aguentar os primeiros anos", garante o acadêmico Alexandre Moraes Bestetti, que cursa o 10º semestre de Medicina.

Teoria x Prática

Geralmente, a partir do 4º semestre começam as disciplinas práticas, nas quais se tem contato com os pacientes. Atende-se no ambulatório, entra-se em campo no bloco cirúrgico, em pequenos procedimentos. Mas, até lá, tem muito estudo pela frente. Vestibulandos que acham que estudam muito, preparem-se: a carga de conteúdo para estudar é ainda maior durante a graduação. Calma, na faculdade não existe a obrigação de tirar nota mais alta que os outros. O conhecimento adquirido refletirá na atuação como profissional.

Horário de aula

Publicidade

O curso costuma ser integral. Então, considere a faculdade como sua segunda casa. Nos primeiros semestres, a grade curricular conta com um ou dois turnos livres por semana.

Créditos extras

Os cursos exigem quantidades mínimas de crédito em atividades complementares, que podem ser preenchidas com pesquisa, monitoria, participação em congressos e no ambulatório. Ao exercer essas funções, o estudante geralmente consegue algum tipo de auxílio financeiro por meio de bolsas da universidade e de instituições de incentivo à pesquisa.

Residência

Após seis anos de curso, o estudante faz a residência médica. A seleção para a vaga inclui uma prova objetiva (90% da pontuação), análise do currículo (5%) e entrevista (5%). Com a criação do Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), há bônus na nota para quem trabalhar durante um ou dois anos em zonas remotas do interior antes de fazer a prova. A residência funciona como uma especialização, em que o recém-formado é capacitado para atuar em uma área específica da medicina. O residente atua como médico, atendendo consultas, participando de cirurgias – sempre sob orientação –, e é avaliado frequentemente por um supervisor.

Publicidade