O estudante de Odontologia da UFPR Guilherme Benatto já comprou material de veterano e revendeu a calouro. "Não me arrependo"| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

Iniciativa

Universitários paulistas negociam com editoras a partir de site

Em 2004, alunos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), que também achavam que livros universitários eram muito caros, se uniram e deram um jeito de resolver não só o problema do grupo, mas o da faculdade toda. Eles criaram o Compra Universitária, um site que funcionava como um agrupador de pedidos e fazia a mediação com as editoras para conseguir mais descontos.

O modelo simples e inovador deu certo e, nos centros acadêmicos, encontrou importantes parceiros para resultados ainda melhores nas negociações. Hoje, 45 centros acadêmicos de diferentes instituições – a maioria no estado de São Paulo – mantêm parceria com o site. Estudantes interessados em pechinchar na compra de livros novos precisam apenas apresentar o pedido aos centros e a obra é entregue direto no câmpus.

Perfil

Rodrigo Chanyon Chen, um dos sócios-fundadores do site, conta que em 2011 o perfil do Compra Universitária mudou, mas continua a priorizar os preços baixos a universitários. "Hoje trabalhamos com estoque, quase como uma distribuidora de livros, e incluímos calculadoras HP no nosso fornecimento", diz.Chen admite que há planos para expandir a atuação em universidades do Sul do país, mas os universitários e centros acadêmicos paranaenses já podem entrar em contato com o Compra Universitária para negociar encomendas.

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Mesmo quem frequenta uma universidade pública sabe que estudar não é barato. Há livros essenciais para alguns cursos impossíveis de serem encontrados por menos de três dígitos no preço. Para os que têm de pagar mensalidade, as despesas com leitura pesam ainda mais. Com a ajuda de leitores que contaram suas experiências, elencamos algumas alternativas para quem quer gastar pouco sem abrir mão de conteúdos indispensáveis à formação acadêmica

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> Bibliotecas reais e virtuais eliminam gastos

Toda faculdade tem uma biblioteca e toda biblioteca tem exemplares reservados para consulta no local. Isso faz com que livros muito requisitados estejam disponíveis nas prateleiras e permite que um número maior de estudantes tenha acesso ao livro na biblioteca.

Para aqueles que não têm como passar mais tempo estudando na faculdade, não se interessam em comprar o livro e precisam de um exemplar "móvel", alguns sites colocam obras inteiras à disposição dos internautas, sem desrespeitar direitos autorais.

É o caso do site Domínio Público mantido pelo governo federal, onde estão disponíveis para download, por exemplo, obras completas de Machado de Assis, teses e dissertações de mestrado.

A biblioteca virtual Scielo tem funcionamento semelhante, mas com foco em produção científica. Já o Google Books sem dúvida tem o maior acervo em obras digitalizadas, mas, como muitas delas são protegidas por diretos autorais, são exibidas apenas versões parciais ou capítulos selecionados.

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> Negocie com os veteranos

É prática comum em muitos cursos a venda de livros e outros materiais usados por veteranos para aqueles que chegam à faculdade depois. No curso de Odontologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) já virou tradição o repasse de pilhas de fotocópias e anotações de alunos do 3º período para os calouros. "Por R$ 100 você pode comprar tudo o que foi usado no primeiro ano. Eu comprei, no ano seguinte revendi e não me arrependo. É mesmo muita coisa", conta Guilherme Bertolotti Benatto, 21 anos, que hoje está no 6º período.

Como se trata de uma cultura informal, é importante que cada aluno investigue por conta própria se há alguém de períodos adiantados disposto a vender o material. Na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), por exemplo, é comum os interessados anunciarem o que têm para vender nos murais do câmpus.

> Turma organizada compra em lote

Raramente as editoras negam um desconto quando uma turma inteira se junta para encomendar o mesmo livro. A Editora Contexto, por exemplo, que publica diversas obras na área de ciências humanas, concede 20% de desconto – se solicitado – para grupos que encomendem mais de 20 unidades de um mesmo livro. Em universidades que contam com editora própria, como a UFPR e a PUCPR, é possível conseguir descontos ainda maiores.

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A tática exige colaboração da turma toda e algum voluntário para conduzir a negociação. Além disso, evitar as livrarias como intermediárias é uma boa alternativa para quem precisa de livros novos e mais baratos.

> Sites ajudam a busca em sebos

Curitiba tem dezenas de sebos; grande parte espalhada na região central da cidade. Uns são mais organizados do que outros, mas nem sempre é fácil a procura pelo livro direto nas lojas. Para essas buscas, sites como o Estante Virtual ou o Livronauta são excelentes ferramentas. Eles mantêm catalogados os acervos de sebos de todo o país, com a possibilidade de filtrar resultados por estado, preço ou estabelecimento.

Em alguns casos, mesmo incluindo o frete, é possível encontrar livros quase pela metade do preço. Por exemplo, um exemplar novo do livro Atlas de Anatomia Humana, de Frank H. Netter, muito usado em cursos de Medicina, custa em média R$ 429. Uma busca no site Livronauta mostra resultados do mesmo livro, usado, mas em bom estado, por R$ 280.