Bastou uma intensa troca de olhares entre dois universitários. A experiência foi tão instigante que, semanas depois, aquela paquera descompromissada em frente da biblioteca levou à criação das páginas Spotted uma verdadeira febre em centenas de universidades pelo mundo e que dia após dia ganha mais seguidores nas instituições brasileiras. O serviço associado ao Facebook tem a dinâmica do tradicional correio elegante, em que pessoas podem trocar mensagens apaixonadas ou nem tanto sem serem identificadas.
A proliferação começou há cerca de três meses no Brasil, mas as primeiras páginas surgiram no final de 2012, na Europa, onde já há mais de 1 milhão de usuários. A pioneira teria sido a criada pelo alemão Nick Myftari, 28 anos, cujo caso de amor abriu esta matéria. Na biblioteca da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, o estudante de Economia se encantou por uma estudante desconhecida. Myftari tentou encontrá-la pelo Facebook com a mensagem: "Menina com doces olhos castanhos e casaco cinzento que cruzou comigo na biblioteca, por onde anda?".
A busca deu certo e hoje Myftari namora a moça, a alemã Fiona Rudi, 24 anos, estudante de Política. A experiência também levou o rapaz a criar a empresa Bibflirt, que tem faturado alto com a administração de páginas Spotted em mais de 300 universidades europeias. As mensagens enviadas pelos usuários são filtradas e tornam-se anônimas ao serem publicadas.
Arquivo pessoalOs estudantes alemães Nick Myftari e Fiona Rudi começaram a namorar com a ajuda do Facebook. O romance deu início a uma empresa que administra páginas Spotted (www.spotted-university.com).
Cultura
A portuguesa Patrícia Neves dos Santos, funcionária da Bibflirt, conta que a interação com as páginas é diferente em cada país. "À exceção de Portugal, todos levam a página com alguma seriedade. O público português leva as coisas mais a brincar, mas isso também se deve à cultura", diz.
No Brasil, o uso vai pelo mesmo caminho, mas, em vez de administradas por uma empresa, as páginas Spotted são moderadas pelos próprios estudantes. Na prática, não há segredo. Um administrador cria uma página e publica anonimamente as mensagens recebidas.
As cantadas são anônimas e, geralmente, trazem apenas algumas pistas sobre o alvo da paquera. Ao desconfiar, amigos da pessoa descrita atuam como cupidos e direcionam a publicação. A graça é adivinhar quem é o emissor e quem é o alvo da declaração e, claro, ver se acaba rolando algo mais sério a partir da brincadeira.
Administradores ocultos
Quem cria uma página Spotted também assume o posto de anônimo. Inicialmente, a ideia costuma partir de um único estudante e a tendência é de que a página acabe tendo um grupo de administradores para dar conta de todas as mensagens recebidas em um dia. O anonimato dos administradores é mantido para não desencorajar as cantadas. "Se as pessoas soubessem nossa identidade, por que elas confiariam a nós seus segredos?", diz a administradora da página da Universidade de Bolonha, na Itália.
Curitibanos em ação
As páginas também se multiplicaram rapidamente em Curitiba. Apaixonados da UFPR, PUCPR e Positivo foram os primeiros a usar o meio virtual para as cantadas e somam 18 mil estudantes. A UTFPR tem uma página para cada câmpus e a FAE, última a entrar na brincadeira, conseguiu mais de 500 curtidas em duas semanas de existência.
INTERATIVIDADEE você?! Você usa alguma página Spotted? O que você acha do serviço? Deixe seu comentário abaixo.