Políticas educacionais recentes têm facilitado o acesso de estudantes brasileiros a universidades do exterior, mas não há recursos financeiros ou acordos bilaterais que minimizem as crises emocionais de intercambistas. Quem encara o desafio de passar um tempo longe do país, da família e dos amigos precisa lidar com sentimentos variados que se manifestam antes mesmo do embarque.
A ansiedade tende a ser maior naqueles que nunca foram além das fronteiras brasileiras. Foi o caso de Hallexandrey Marx Bincovski, aluno de Direito no Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba). Ele voltou de Portugal no início de junho, onde passou seis meses estudando na Universidade de Coimbra. Foi sua primeira experiência no exterior e, mesmo em um país onde se fala o português, a sensação de insegurança foi forte nos primeiros dias. "Andava com medo na hora de pegar trem ou caminhar em ruas e becos, mas era apenas por estar num lugar estranho. Depois notei que a segurança por lá é muito maior que no Brasil", diz.
Por outro lado, Bincovski conta que o início da experiência também foi movido por expectativas e por uma enorme vontade de conhecer tudo o que é novo. Após essa fase, veio a estabilidade com a criação de uma rotina e, alguns meses depois, surgiu um enorme desejo de retornar à antiga vida. "Acontece com todos. Chega um momento em que você não vê a hora de voltar para o Brasil, para a família e o ambiente de onde saiu", conta.
Elori Mieko Oikawa, estudante de Biotecnologia na PUCPR, concorda com essa distribuição de fases no termômetro emocional dos intercambistas. Depois de passar um ano na Finlândia, ela retornou ao Brasil em janeiro e mantém viva na memória a experiência de euforia, ansiedade, solidão e adaptação que viveu longe de casa.
Apesar desses momentos, ela diz que, entre todos os desafios que enfrentou, lidar com as emoções não foi tão difícil do que se adaptar às condições climáticas no norte europeu. "Saí daqui com 30°C e cheguei lá com -30°C", conta Elori, que também teve de se acostumar com os dias curtos e as noites longas, típicos daquela região.
Envolvimento
Algumas medidas tomadas pela jovem e pela universidade foram essenciais para que a estada na Finlândia fosse tranquila. Ainda em Curitiba, ela procurou pessoas que haviam estado no país para obter dicas sobre o cotidiano de lá. Elori também participou de encontros preparatórios promovidos pela PUCPR. Chegando à Finlândia, ela teve a sorte de contar com o apoio de um prestativo colega indicado pela universidade para lhe apresentar a outros estudantes e mostrar a estrutura da universidade.