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Intercâmbio

Regras bem cumpridas para não perder a bolsa

Luiz Fernando Pereira Bispo vai para a Austrália em agosto e está por dentro das regras que deve seguir | Arquivo Pessoal
Luiz Fernando Pereira Bispo vai para a Austrália em agosto e está por dentro das regras que deve seguir (Foto: Arquivo Pessoal)

Passar uma temporada no exterior com as despesas pagas e estudar em uma universidade estrangeira renomada é o sonho de quem disputa uma vaga no programa federal Ciência sem Fronteiras (CsF), que está com editais abertos para preencher mais de 13 mil vagas em nove países. Entretanto, o que os candidatos também precisam saber é que o privilégio vem acompanhado de muitas regras e responsabilidades.

Quem descumprir as normas do programa corre o risco de perder a bolsa, ser obrigado a voltar ao Brasil e ressarcir a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) – valor que pode somar os recursos investidos e uma multa moratória de 10%.

Entre os já selecionados, Luiz Fernando Pereira Bispo, 21 anos, vai para a Austrália em agosto. Aluno do 5.º período de Engenharia Florestal na Universidade de São Paulo (USP), Bispo tem consciência da responsabilidade que terá após o embarque. "Caso eu não cumpra as regras, sei que perco a bolsa e retorno para o Brasil", conta. Entre as obrigações está a dedicação integral e exclusiva às atividades relacionadas ao intercâmbio e a proibição de acumular outra bolsa ou receber salário.

Sem ocorrências

A Capes informa que desde o início do programa, em 2011, não houve casos de cancelamento de bolsas por descumprimento de contrato. Não há um controle rígido do governo brasileiro ou das universidades de origem sobre o desempenho dos estudantes em outros países, ficando o acompanhamento das atividades acadêmicas a cargo das universidades estrangeiras.

Para reforçar o controle, está sendo desenvolvido um sistema de acompanhamento acadêmico individual dos estudantes "para tornar o monitoramento ainda mais transparente e efetivo", segundo a Capes.

Atualmente, além do termo de compromisso que deve ser assinado pelos bolsistas, são marcados eventos esporádicos para esclarecer dúvidas dos estudantes sobre obtenção de visto, cotidiano, acomodação, pagamento de benefícios e obrigações.Bagagem

Aluno deve estar preparado para o choque cultural

Viajar para outro país significa conviver com novos costumes. Quem vai para a Austrália, por exemplo, deve estranhar as regras das bibliotecas universitárias. Os livros só podem ser emprestados por algumas horas, o que aumenta a circulação dos exemplares. Nos Estados Unidos, trabalhos extras são constantes e nem sempre valem nota.

"Lá, eles têm o costume de fazer as atividades independentemente de nota. Orientamos os alunos a fazerem tudo, pois não é a nota que se busca, mas o conhecimento", diz a psicóloga Maria Isabel Dittert, gerente do programa Bom Aluno, que mantém contato com sete estudantes do projeto que têm bolsa do Ciência sem Fronteiras.

Iniciativa

Para amenizar o choque cultural e comportamentos inadequados, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) planeja para este ano um curso com 30 horas de duração com palestras sobre costumes de diferentes países. Para o assessor de Relações Internacionais da instituição, Carlos José Mesquita Siqueira, as universidades de origem também devem preparar seus alunos, já que grande parte é muito jovem e, por vezes, imatura.

A diretora de Relações Interinstitucionais da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Maria Cristina de Souza, concorda e lembra que alguns alunos têm dificuldades de adaptação, o que reforça a importância de prepará-los para a nova experiência – inclusive com informações sobre como cuidar dos pertences e documentos.

Normas

Confira algumas regras previstas no termo de compromisso assinado pelo estudante de graduação-sanduíche pelo CsF:

>> Dedicar-se integral e exclusivamente ao desenvolvimento do plano de atividades no exterior.

>> Não interromper ou desistir do programa sem fornecer as justificativas para a análise do caso.

>> Obedecer às normas e às regras de conduta do país de destino, sendo responsável por quaisquer atos ilícitos ou condutas que comprometam a boa convivência.

>> Portar drogas ou arma de fogo leva ao imediato cancelamento da bolsa, com ressarcimento total do investimento aos cofres públicos.

>> Retornar ao Brasil em até 30 dias após o término do programa com a conclusão das atividades e trabalhos propostos inicialmente.

>> Em até dois meses após o fim da bolsa, é necessário apresentar relatório sobre as atividades desenvolvidas com os resultados alcançados.

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