Reclamação
Quem recebe bolsa do Ciência sem Fronteiras deve se dedicar integralmente aos estudos, sem voltar ao Brasil antes de o programa terminar. Essa regra traz muitas reclamações de estudantes que querem voltar alguns dias para casa a fim de matar a saudade da família. Como protesto, há uma petição on-line com cerca de 500 assinaturas.
Outra queixa refere-se às disciplinas cursadas no exterior. Em muitos cursos, os alunos só podem fazer disciplinas básicas, já cursadas no Brasil.
A Capes desconsidera essas reclamações pelo fato de o contrato prever tais situações. As disciplinas no exterior dependem da universidade de destino e viagens ao Brasil são liberadas apenas em casos de doença ou morte.(AC)
***** INTERATIVIDADE E aí?
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Detalhes Saiba mais sobre o Ciência sem Fronteiras:
Pré-requisitos
Ter completado ao menos 20% do currículo em um dos cursos de graduação das áreas prioritárias do programa e ter sido classificado com pelo menos 600 pontos no Enem. Alunos com títulos em olimpíada de Ciências e bolsistas de programas de iniciação científica do CNPq ou da Capes têm preferência.
Benefícios
O programa arca com as taxas da universidade, passagem aérea, seguro-saúde e oferece bolsa mensal de US$ 300 a US$ 870, dependendo do que é oferecido pela universidade de destino. O valor varia conforme a moeda do país.
Duração da bolsa
De seis a 12 meses, podendo estender-se até 15 meses, se incluir curso de idioma.
Atenção à chamada
Estão abertos editais com 13.480 vagas para 18 áreas do conhecimento na Alemanha, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos, Finlândia, Hungria, Japão e Reino Unido. Os interessados devem procurar as informações específicas da instituição que desejam, pois a data final da inscrição depende do país de destino.
Mais informações
Acesse www.cienciasemfronteiras.gov.br.
Passar uma temporada no exterior com as despesas pagas e estudar em uma universidade estrangeira renomada é o sonho de quem disputa uma vaga no programa federal Ciência sem Fronteiras (CsF), que está com editais abertos para preencher mais de 13 mil vagas em nove países. Entretanto, o que os candidatos também precisam saber é que o privilégio vem acompanhado de muitas regras e responsabilidades.
Quem descumprir as normas do programa corre o risco de perder a bolsa, ser obrigado a voltar ao Brasil e ressarcir a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) valor que pode somar os recursos investidos e uma multa moratória de 10%.
Entre os já selecionados, Luiz Fernando Pereira Bispo, 21 anos, vai para a Austrália em agosto. Aluno do 5.º período de Engenharia Florestal na Universidade de São Paulo (USP), Bispo tem consciência da responsabilidade que terá após o embarque. "Caso eu não cumpra as regras, sei que perco a bolsa e retorno para o Brasil", conta. Entre as obrigações está a dedicação integral e exclusiva às atividades relacionadas ao intercâmbio e a proibição de acumular outra bolsa ou receber salário.
Sem ocorrências
A Capes informa que desde o início do programa, em 2011, não houve casos de cancelamento de bolsas por descumprimento de contrato. Não há um controle rígido do governo brasileiro ou das universidades de origem sobre o desempenho dos estudantes em outros países, ficando o acompanhamento das atividades acadêmicas a cargo das universidades estrangeiras.
Para reforçar o controle, está sendo desenvolvido um sistema de acompanhamento acadêmico individual dos estudantes "para tornar o monitoramento ainda mais transparente e efetivo", segundo a Capes.
Atualmente, além do termo de compromisso que deve ser assinado pelos bolsistas, são marcados eventos esporádicos para esclarecer dúvidas dos estudantes sobre obtenção de visto, cotidiano, acomodação, pagamento de benefícios e obrigações.Bagagem
Aluno deve estar preparado para o choque cultural
Viajar para outro país significa conviver com novos costumes. Quem vai para a Austrália, por exemplo, deve estranhar as regras das bibliotecas universitárias. Os livros só podem ser emprestados por algumas horas, o que aumenta a circulação dos exemplares. Nos Estados Unidos, trabalhos extras são constantes e nem sempre valem nota.
"Lá, eles têm o costume de fazer as atividades independentemente de nota. Orientamos os alunos a fazerem tudo, pois não é a nota que se busca, mas o conhecimento", diz a psicóloga Maria Isabel Dittert, gerente do programa Bom Aluno, que mantém contato com sete estudantes do projeto que têm bolsa do Ciência sem Fronteiras.
Iniciativa
Para amenizar o choque cultural e comportamentos inadequados, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) planeja para este ano um curso com 30 horas de duração com palestras sobre costumes de diferentes países. Para o assessor de Relações Internacionais da instituição, Carlos José Mesquita Siqueira, as universidades de origem também devem preparar seus alunos, já que grande parte é muito jovem e, por vezes, imatura.
A diretora de Relações Interinstitucionais da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Maria Cristina de Souza, concorda e lembra que alguns alunos têm dificuldades de adaptação, o que reforça a importância de prepará-los para a nova experiência inclusive com informações sobre como cuidar dos pertences e documentos.
Normas
Confira algumas regras previstas no termo de compromisso assinado pelo estudante de graduação-sanduíche pelo CsF:
>> Dedicar-se integral e exclusivamente ao desenvolvimento do plano de atividades no exterior.
>> Não interromper ou desistir do programa sem fornecer as justificativas para a análise do caso.
>> Obedecer às normas e às regras de conduta do país de destino, sendo responsável por quaisquer atos ilícitos ou condutas que comprometam a boa convivência.
>> Portar drogas ou arma de fogo leva ao imediato cancelamento da bolsa, com ressarcimento total do investimento aos cofres públicos.
>> Retornar ao Brasil em até 30 dias após o término do programa com a conclusão das atividades e trabalhos propostos inicialmente.
>> Em até dois meses após o fim da bolsa, é necessário apresentar relatório sobre as atividades desenvolvidas com os resultados alcançados.
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