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"O brasileiro meio que desabrochou na internet por meio do Orkut e dessas ferramentas. Isso gera uma educação de uso. Toda ferramenta tem um tempo de vida. Se não inovar, morre."

Raquel Recuero, pesquisadora e professora da Universidade Católica de Pelotas (UCPel).

Em 24 de janeiro de 2004, entrava no ar um site em tons de azul e lilás que revolucionaria a vida do brasileiro na internet. Naqueles primeiros meses do ano, o Orkut era uma ferramenta à qual só se tinha acesso via convite. Dez anos depois, a ascensão do Facebook varreu as comunidades, onde agora restam lembranças e debates nostálgicos sobre a própria ferramenta. Contudo, ainda há espaço para fóruns de grupos segmentados.

A pesquisadora e professora da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) Raquel Recuero afirma que o abandono do que já foi a maior rede social em número de brasileiros tem a ver com uma tendência natural na internet de evolução e substituição. "Esse movimento de migração sempre existe porque as pessoas vão passando por fases na vida e fazendo uso diferenciado das redes."

As mudanças de tecnologia também proporcionaram a migração. O Facebook e outras redes como Whatsapp e Vine tiveram crescimento grande em número de usuários a partir da popularização dos smartphones, conta a pesquisadora. "O brasileiro meio que desabrochou na internet por meio do Orkut e dessas ferramentas. Isso gera uma educação de uso. Toda ferramenta tem um tempo de vida. Se não inovar, morre", afirma Raquel.

Os heróis da resistência

Faz pouco tempo que o Orkut deixou de ser a rede social mais popular no Brasil. Apenas em setembro de 2011 o site de Mark Zuckerberg conquistou o coração da maioria dos internautas por aqui. Mais de dois anos depois, de acordo com uma pesquisa feita com jovens de 15 a 29 anos de Rio Grande do Sul e Santa Catarina, 99,5% dos que usam redes sociais estão no Facebook, enquanto o velho Orkut não aparece nem entre as 10 mais acessadas.

Mesmo assim, há quem visite a rede com regularidade. As comunidades de times de futebol, por exemplo, têm centenas de tópicos de discussão atualizados diariamente. "Uso para acompanhar os comentários ao vivo dos outros colorados durante os jogos. Funciona como um bate-papo", conta o estudante de Engenharia Civil Bruno Schneider, 19 anos. O estudante de História Ian Linck, 22 anos, é um defensor da rede. Ele acredita que o antigo site é mais interessante para troca de ideias. "Acho uma pena que as pessoas saíram do Orkut só por moda. Tinha gente que usava todos os dias e deletou seu perfil, migrando para o Facebook só para ficar na moda. Dava para ter mantido as duas coisas perfeitamente", critica.

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