Considerada por muitas correntes uma parte importante do processo de aprendizagem, a possibilidade de erro não faz parte da realidade de médicos e estudantes de Medicina. Mas e se situações do cotidiano de profissionais da saúde fossem transpostas para o mundo virtual para que o conhecimento viesse a partir de sucessivas tentativas e erros? É nessa ideia que se baseia o projeto de doutorado do endocrinologista Leandro Diehl, o InsuOnline, vencedor da etapa Brasil da Imagine Cup 2013, competição internacional de computação promovida pela Microsoft.
Professor do curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Diehl conta que o manejo da insulina é uma das maiores dificuldades de clínicos gerais e estudantes. "O diabete é uma pandemia e não tem endócrino suficiente para atender todo mundo. Uma consulta pode demorar meses ou anos. Essa é cada vez mais uma atribuição do clínico-geral. E, na faculdade, pelo risco, o aluno nunca prescreve insulina."
Fases
Para corrigir essa "falha" na formação, o endocrinologista propôs a criação de um jogo de computador direcionado a médicos, sobretudo clínicos-gerais que atuam em Unidades de Saúde. Ao longo de 16 fases, o jogador atende diversos pacientes diabéticos e precisa saber administrar a insulina. "Começa mais tranquilo e vai ficando complexo. Se não for usada corretamente, a insulina gera efeitos colaterais graves e pode ser fatal. No jogo, existe a oportunidade de experimentar e errar, sem machucar ninguém", defende.
O desenvolvimento do jogo ficou a cargo de Rodrigo Martins de Souza, da empresa londrinense Oniria Games. "Demos o suporte para a criação do conteúdo. O Leandro está formatando e revisando as fases. É um trabalho que leva tempo, porque assuntos médicos demandam um cuidado maior", conta Souza. Ele adianta que, após a etapa de pesquisa, há interesse de comercializar o jogo como aplicativo para computador, celular e tablet.
O prêmio
Vencedor da categoria Cidadania Mundial da etapa brasileira da Imagine Cup 2013, o InsuOnline foi escolhido para representar o país na final mundial do prêmio, em julho, na Rússia. Mais de 60 projetos foram avaliados por nove juízes de várias áreas. Segundo o gerente acadêmico da Microsoft Brasil, Cristian Fialho, o objetivo é promover o desenvolvimento técnico de estudantes e a inovação.
Próxima etapa
Doutorando em Medicina na Faculdade Pequeno Príncipe, de Curitiba, Leandro Diehl explica que a próxima etapa do trabalho será o teste do jogo com dois grupos de clínicos-gerais. Enquanto um será submetido ao jogo, o outro participará de atividades tradicionais. "Vamos avaliar qual dos grupos ganha mais conhecimento, muda mais de atitude."