Uma pesquisa desenvolvida nos laboratórios da Universidade Estadual de Londrina (UEL) está ajudando a mudar uma prática considerada comum nas lavouras locais. Um biofertilizante, desenvolvido por professores e alunos de vários cursos de graduação e pósgraduação, aumenta a resistência das plantações e tem reduzido o uso de fertilizantes comerciais, que geralmente incluem substâncias hostis ao solo.
Para confirmar os resultados da pesquisa, obtidos primeiramente em sementes de milho, o Departamento de Bioquímica e Biotecnologia da universidade convidou agricultores locais para experimentarem o biofertilizante. A recepção foi melhor do que a esperada e o interesse pela novidade já dá sinais de crescimento. "A receptividade foi muito boa, tanto que a procura aumentou. Mas, por enquanto, não temos como suprir grandes demandas", conta o coordenador da pesquisa, professor André Luiz Martinez de Oliveira.
Ele conta que empresas já sondaram o departamento para obter informações sobre a novidade, mas, até agora, não houve uma proposta concreta de financiamento para a produção da substância em larga escala. A Agência de Inovação Tecnológica da UEL (Aintec) auxilia o departamento na obtenção da patente da pesquisa.
Benefícios
Além de tornar as plantas mais resistentes em condições climáticas extremas ou à ação de pragas, o biofertilizante melhora a absorção de nutrientes, o que resulta em uma menor quantidade de poluentes. "É composto por microorganismos, ou seja, bactérias do ambiente que vão nutrir culturas de interesse agrícola com a mesma função dos fertilizantes minerais, mas com menos impacto ambiental", diz Oliveira. Um dos problemas dos fertilizantes convencionais é o nível de nitrogênio nos compostos, elemento que não é encontrado na alternativa orgânica desenvolvida.
O biofertilizante também tem maior rendimento. Segundo Oliveira, foi percebida uma economia de dois terços em relação ao que os agricultores gastavam com o adubo comum. Atualmente, alternativas semelhantes só são vendidas por empresas especializadas e usadas em grandes plantações de soja e algumas leguminosas. Os resultados da pesquisa da UEL ampliam o uso de bactérias para o cultivo de cereais, como milho e trigo, e até de cana-de-açúcar.