De olho no protocolo
Na hora de planejar a formatura e colocar as ideias em prática, os formandos e as empresas devem estar atentos às regras e aos protocolos das instituições de ensino. Na maioria das universidades, a colação de grau é dividida em dois atos: a outorga de grau e as homenagens. "O primeiro ato é uma sessão pública do Conselho Universitário. Não pode ter recursos cênicos nem fotógrafo e cinegrafista no palco. A sequência vai muito da criatividade da comissão de formatura e da empresa contratada", explica a coordenadora de Cerimonial da UFPR, Aline Dalbello. A dica é consultar as regras da instituição com antecedência. "Nós queríamos que os atores montassem uma parte do cenário durante o primeiro ato, mas a universidade não permitiu", lembra o recém-formado Rodrigo Souza Eleuterio.
A temporada de formaturas no começo deste ano, em Curitiba, trouxe novidades e algumas colações viraram espetáculos de encher os olhos. Artistas dividiram o palco com formandos e "efeitos especiais" tornaram o evento mais leve para quem assistia. Cerimônias superproduzidas englobam uma parcela pequena de todas as conclusões de curso, mas chegam a custar até R$ 600 mil às turmas que desejam transformar aquele momento em uma surpresa para toda a plateia.
Entre os itens que compõem o leque de opções para a festa estão chuva de pétalas de rosa, comida e bebida liberadas no baile, performances artísticas, chegada em limusine e cenários temáticos. "As superformaturas caíram no gosto dos formandos, principalmente de cursos tradicionais, como Medicina, Direito, Odontologia. Geralmente, a principal preocupação das turmas é entreter ao máximo os convidados e oferecer conforto", afirma o diretor da empresa de formaturas Polyndia, Edson "Zuki" Dallagnol.
A formatura das turmas de Engenharia Mecânica da Universidade Positivo (UP), no começo de abril, é um exemplo de megacerimôonia. Com o evento todo inspirado em A invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorsese, um dos destaques foi a chegada dos formandos no palco abaixo de neve de isopor. Esse foi só o começo.
Atores contratados encarnaram personagens do filme e introduziram discursos com encenações e truques circenses. Durante a homenagem aos pais, uma chuva de bolas de sabão tomou conta do Teatro Positivo. No baile, além de mais performances artísticas, os formandos ofereceram open-bar a todos os convidados. "Esse tipo de formatura representa cerca de 20% dos eventos que organizamos", afirma Gabriel Herrera, gerente de Marketing e Eventos da MultiEventos, responsável por essa formatura.
"Não queríamos saber desse tradicionalismo que existe. A gente pensava em algo diferente. A formatura tinha de ser um acontecimento", resume o recém-formado Rodrigo Souza Eleuterio, 27 anos, presidente da comissão de formatura. Com a adesão de 93 alunos de três turmas, o investimento final do grupo ficou em torno de R$ 380 mil, sendo que cada formando desembolsou R$ 1,5 mil (para participar só da colação) ou R$ 3,6 mil (com o baile). Com rifas e festas, os alunos arrecadaram cerca de R$ 68 mil, que foram destinados à festa.
Planejamento é essencial para juntar dinheiro
Entre os fatores que influenciam a grandiosidade de colações e bailes de formatura e o valor que será investido no final estão a quantidade de formandos e a capacidade de a turma angariar recursos em ações paralelas à cobrança de mensalidades. De acordo com as empresas de formatura consultadas pela reportagem, os eventos podem custar entre R$ 10 mil e R$ 600 mil, dependendo do espaço, do tipo de decoração e demais elementos escolhidos.
O ideal é que as turmas constituam comissões de formaturas nos primeiros anos da graduação para que seja possível trabalhar com orçamentos determinados e projeções de arrecadação. Outro ponto importante é estabelecer regras claras com relação ao pagamento de mensalidades e incluir no estatuto mecanismos que evitem a inadimplência, como a criação de listas de espera com interessados para ocupar a vaga de quem deixou de pagar.
Tarde demais
Uma das turmas de Direito da Faculdade Opet começou a juntar dinheiro no 6.º período e teve de rever os planos para encontrar opções mais baratas para a colação e o baile. "Acho que começamos tarde pelo que a gente gostaria de fazer. Queríamos o Teatro Guaíra, mas não vamos ter o dinheiro necessário", conta Deborah Santos de Castro, secretária da comissão de formatura. Para aumentar o cofrinho, a turma optou por promover festas e rifas ao longo do curso.