Longe de arrecadar chocolates para a Páscoa ou brinquedos no Natal, as atividades que fazem parte do Projeto Solidário, das Faculdades Pequeno Príncipe, promovem transformações socais. Há oito anos, milhares de pessoas têm sido impactadas pelas ações, das quais estudantes de todas as graduações participam obrigatoriamente.
O projeto faz parte da grade curricular, cursada pelos alunos de Enfermagem, Biomedicina e Farmácia a partir do 5.º período e de Psicologia durante quatro períodos. Os universitários de Medicina, o mais recente curso da instituição aprovado pelo Ministério da Educação (MEC), também participarão da disciplina, ajudando diferentes instituições. Além deles, alunos dos cursos técnicos e de pós-graduação também podem participar. Quando cursam a matéria, os estudantes têm atividades teóricas e práticas com foco principalmente nos direitos humanos e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Segundo a diretora-geral da faculdade, Patricia Forte Rauli, professora da disciplina no curso de Psicologia, é feito um exercício para estudar ideias de transformação da realidade, de forma a aproximá-la do que é preconizado pelo direito. "O foco principal é levar o aluno a fazer o diagnóstico de uma realidade e atuar para melhorá-la, com base nos conhecimentos de sua formação." Entre os locais já beneficiados pelos projetos estão abrigos, creches, ONGs de prevenção ao uso de drogas, asilos e grupos de catadores de papel, sempre com a intenção de permitir uma reorganização da comunidade.
Destaque
Alguns projetos recebem grande destaque, como o que trabalhou com adolescentes de um abrigo e foi apresentado neste ano em forma de pôster no 5.º Congresso Internacional de Psicologia da Criança e do Adolescente, em Lisboa, Portugal. Outro projeto destacado focava em adolescentes grávidas e carentes. Além de oferecer suporte psicológico às jovens, que em sua maioria não tinham apoio do parceiro ou da família, os estudantes envolvidos conseguiram organizar a documentação delas, para que entrassem no protocolo de atendimento da sua unidade de saúde e fizessem os exames necessários. "Temos experiências inovadoras que representam resultados tanto para a formação do aluno, quanto para as instituições envolvidas", acrescenta Patricia.
"Vale muito mais do que receber uma nota no fim do semestre"
Para o estudante de Psicologia Fabrício Álvaro da Silva, 32 anos, a experiência provou que é preciso mais que teoria para ser um bom profissional. Ele e mais sete colegas se prepararam antes de atuar no Pequeno Cotolengo, mas o choque com a realidade levou a turma para outro caminho. "Nosso plano de ação era possibilitar o acesso à cultura e ao lazer, mas chegando lá vimos que tudo era diferente do que se tem no livro. A necessidade deles era outra", diz.
O trabalho, que começou com teatro de marionetes direcionado ao coletivo, deu lugar a um contato próximo de um a um. "Vimos a importância do contato físico, do carinho, e conseguimos trazer para as crianças mais dignidade pelo afeto e ternura. São moradores que foram ou estão afastados da família, alguns abandonados por ela. Nos adaptamos. Valeu muito mais do que receber uma nota no fim do semestre. Ganhamos muito mais", conta.