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Rebecca, estudante de História, já passou por duas paralisações na UFPR: a deste ano e a de 2007, quando era caloura | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Rebecca, estudante de História, já passou por duas paralisações na UFPR: a deste ano e a de 2007, quando era caloura| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Tudo começa com alguns protestos e pequenas paralisações dos funcionários, professores e até mesmo dos estudantes. Quando se vê, a universidade está em greve e as aulas, suspensas por tempo indeterminado. Quem estuda em instituições públicas sabe que essa é uma possibilidade durante a graduação. A greve pode durar semanas e até meses, como aconteceu no histórico movimento de 2001, que envolveu universidades estaduais e federais, e terminou depois de aproximadamente seis meses.

"Eu estava no último ano de Odontologia e era presidente do Diretório Central dos Estudantes do câmpus Cascavel da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná). Foi um período bastante conturbado. Em princípio, em assembleia, fomos favoráveis ao movimento, mas não esperávamos que ele fosse durar o que durou", afirma Ediuilson Lisbôa, 36 anos. A turma de Lisbôa, preocupada com o atraso na formatura, entrou em acordo com os professores do curso de Odonto e recomeçou as aulas após um mês do início da greve, mesmo concordando com as reivindicações da comunidade universitária. Esse caso, porém, foi uma exceção. A maioria dos estudantes precisou recuperar as aulas durante as férias.

Na greve de 2001, Alvaro Augusto Dossa era aluno do primeiro ano do ensino médio da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), o antigo Cefet. Ele conta que a paralisação exigiu medidas para que os prazos pudessem ser mantidos. "As greves fizeram com que os alunos tivessem de participar de aulas em épocas que normalmente são de férias, tivessem redução do tempo de intervalo e aumento do tempo de aula", diz. Uma nova greve na UTFPR, em 2003, levou Dossa a pedir transferência e terminar o ensino médio em outra instituição.

Ganhos

Professor de Direito na Uni­versidade Federal do Paraná (UFPR), Fábio Campinho, 31 anos, era aluno do curso e membro do DCE em 2001. Ele passou todo o período sem aulas envolvido com assembleias, viagens a Brasília e atos públicos em defesa do movimento. Segundo Campinho, a greve geral foi importante para garantir algumas conquistas. A mobilização uniu estudantes, professores e técnicos, que lutavam por pautas comuns e específicas de cada categoria. "Taxas que eram cobradas dos alunos na época, com relação à matrícula e à biblioteca, foram suprimidas. A multa na biblioteca deixou de ser monetária", exemplifica.

O então presidente do Centro Acadêmico do curso de Engenharia Química da Unioeste, Evandro Castagna, 35 anos, explica que o governo estadual dava sinais de que pretendia cortar os recursos destinados às universidades públicas. "Uma das políticas do governo era repassar verbas praticamente só para o custeio das instituições, forçando as universidades a encontrar formas alternativas de conseguir recursos. Havia, inclusive, um projeto de lei da Assembleia Legislativa nesse sentido, permitindo a cobrança de mensalidades", afirma. De acordo com ele, a mobilização conseguiu impedir a aprovação da proposta e garantir o aumento do orçamento da Unioeste.

Em 2007 matrículas foram suspensas na UFPR

Em 2007, houve outra greve na UFPR, dessa vez articulada pelos servidores técnico-administrativos. Embora as aulas tenham continuado, o movimento resultou no fechamento do Restaurante Universitário e na criação de um regime especial de funcionamento das bibliotecas. Rebecca de Oliveira Freitas, 22 anos, era caloura de História e considera que a paralisação foi necessária para que houvesse uma conquista maior. "Eu tinha recém-entrado na universidade, mas já estava me aproximando do movimento estudantil."

Naquele ano, Álvaro Dossa cursava Administração Inter­nacional de Negócios e participou de um movimento antigreve. Ele conta que a ideia surgiu quando, durante as férias de julho, os técnicos ocuparam o centro de computação da Federal (CCE), onde são realizadas as matrículas dos estudantes. Depois de várias discussões entre os dois grupos, Dossa diz que os servidores deixaram o local e as matrículas voltaram a ser realizadas.

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