Rifas, festas e churrascos fazem parte do planejamento de qualquer comissão de formatura, mas a receita para uma arrecadação bem sucedida não é a mesma para todas as turmas. A quantidade de alunos e o perfil dos formandos influenciam muito no sucesso dos eventos e, se essas características não forem levadas em conta, o que era para ser um lucrativo divertimento pode virar um inesperado prejuízo. O Vida na Universidade conversou com profissionais do ramo de eventos, formandos e com quem esteve à frente de uma comissão de formatura e elencou algumas boas práticas que podem garantir a tranquilidade e, quem sabe, algum dinheiro extra para a turma quando tudo terminar.
Mensalidade
É o básico e, em grande parte das experiências, representa a maior fatia de toda a arrecadação. Embora, em tese, signifique simplesmente receber dinheiro dos colegas, se não houver compromisso por parte de toda a turma, atrasos e calotes podem gerar furos irrecuperáveis no planejamento de gastos.
Ciente desse risco, quando o engenheiro Rafael Loyola presidia a comissão de formatura de sua turma, no curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ele definiu com os colegas uma série de medidas que estimulavam os pagamentos em dia. Uma delas era a limitação do direito a voto somente àqueles que não estivessem inadimplentes. "Nas votações de datas, locais para colação de grau e baile, professores homenageados, formandos que fariam as homenagens e escolha de cenário, somente participavam formandos que estavam com as mensalidades em dia", conta Loyola.
Outra medida, adotada para incentivar a adesão de formandos nos primeiros meses de comissão, foi a criação de uma tabela com diferentes valores de mensalidade. A planilha beneficiava quem começasse a pagar antes e estipulava taxas maiores àqueles que só aderissem no último ano. Segundo Loyola, "isso é importante para a comissão ter caixa durante todos os meses de preparação para as festas de formatura". O sistema deu certo e a comissão conseguiu descontos significativos por fechar negociações com antecedência. A turma de Loyola se formou em 2012.
Rifas
Entre os entrevistados, há duas unanimidades sobre rifas. A primeira é que ninguém gosta de vendê-las. A segunda é que sempre dão ótimo retorno. Assim, acatadas como um "mal necessário", as rifas surgem como a alternativa usada com maior frequência entre as ações que vão além da mensalidade.
O sucesso nas vendas, no entanto, depende da definição de público-alvo. Como os familiares são tradicionalmente os maiores compradores, é preciso levá-los em conta. "Se você chegar com uma rifa de cesta de bebidas alcoólicas para sua vó, ela provavelmente vai comprar um bilhete para lhe ajudar, mas vai ser o único. Uma viagem para um hotel fazenda com acompanhante agrada bem mais", defende o engenheiro Rafael Loyola.
Automóveis naturalmente se encaixam bem no quesito da ampla aceitação, mas o preço de um carro não apenas dificulta a aquisição do prêmio, como encarece o preço de cada bilhete, tornando-se uma aposta arriscada. A exceção seriam os casos de rifas coletivas. "Quando várias turmas vendem os mesmos bilhetes, o carro fica mais viável e pode ser uma boa ideia", sugere o diretor comercial do Studio AQuatro, Fernando Saldanha.
Outras opções de prêmios acessíveis e sempre desejados são eletrônicos, como tablets, notebooks e smartphones. Nesse caso, a estratégia de venda deve mirar principalmente no público universitário. Ingressos para eventos concorridos também costumam fazer sucesso. A turma da recém-formada em Direito pelo Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba), Giovanna Mizrahi Carcereri, 22 anos, teve essa experiência e gostou do retorno. "Sorteamos dois ingressos para a apresentação que o Cirque du Soleil fez em Curitiba, em 2012, e arrecadamos em torno de R$ 10 mil", conta.
Quanto aos bilhetes da rifa em si, a cerimonial da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Maria Angélica Philipe Costa, conta que tem se tornado frequente as empresas de formatura viabilizarem acordos com gráficas e entregarem os blocos aos estudantes a baixo custo ou até de graça. Vale a pena sondar essa possibilidade.
Investimentos
Os possíveis grandes lucros com o mercado de ações ou fundos de investimento são tentadores, mas não combinam com a necessidade de movimentações financeiras constantes dos formandos, alerta Emilia Cristiane Camargo Kosak, coordenadora de Eventos do Grupo Uninter. Ela lembra que as comissões de formatura fazem pagamentos a fornecedores durante todo o período que antecede a formatura e esse acesso frequente à conta contraria as regras da maioria dos fundos bancários. Por isso, contas bancárias básicas que facilitem a movimentação são opções mais práticas.