Ter ou não ter
As universidades públicas não são obrigadas a manter um RU e as que têm o serviço podem determinar tanto o preço cobrado como quem pode frequentá-lo, segundo a área técnica da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação.
Alunos beneficiados pelo Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), que auxilia estudantes em situação de vulnerabilidade social, devem ter as refeições em um RU ou receber um valor de auxílio-alimentação. Na UTFPR, os alunos com bolsa-permanência só podem gastar o valor com refeições no RU da instituição.
Em expansão
Não é só o RU que precisa ser ampliado na UTFPR. Falta espaço para novas salas e laboratórios para atender os mais de 8 mil alunos da sede Curitiba.
Essa situação pode ser resolvida com a conclusão de aquisições de terrenos em uma quadra vizinha da instituição, que deve ser destinada à expansão das áreas de ensino, pesquisa e extensão. Metade da quadra desejada já foi adquirida e o restante está em negociação. Com o fim dessa fase, inicia-se a etapa de projeto e construção do novo prédio, que ainda não tem prazos definidos.
Entre as 59 universidades federais do país, os alunos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) estão entre os que mais gastam para se alimentar no câmpus. Os R$ 3 cobrados pelo almoço no restaurante universitário (RU) se igualam com o preço executado em outras seis instituições, que formam o grupo dos bandejões mais caros do Brasil. O resultado faz parte de um levantamento feito pelo Vida na Universidade com todas as universidades geridas pelo governo federal.
Enquanto os 18,6 mil alunos que circulam pelos oito câmpus da UTFPR que contam com RUs quatro sedes não têm restaurantes estão sujeitos a desembolsar R$ 60 por mês para almoçar todos os dias úteis na universidade, os estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR) gastam apenas R$ 26 mensais, considerando o valor de R$ 1,30 por refeição.
O preço não é o único alvo de reclamações dos alunos da Tecnológica. Segundo os universitários, a qualidade e a variedade do que é servido também deixam a desejar. Além disso, as grandes filas diárias testam a paciência e prejudicam quem tem horário para voltar à sala de aula. A instituição informa que pretende resolver parte dos problemas ainda neste ano. Entre as ações estão a ampliação do restaurante e a restrição do serviço apenas à comunidade acadêmica, sem atendimento ao público externo.
Subsídio
Hoje, uma empresa terceirizada presta o serviço no RU da UTFPR. A universidade subsidia R$ 1,50 dos R$ 4,50 de cada refeição. O estudante arca com os R$ 3 restantes. A intenção da administração é aumentar o subsídio. "Queremos que o valor pago pelos estudantes vá diminuindo, mas ainda não podemos dizer quando ou quanto vai diminuir, pois ainda não sabemos o orçamento que teremos disponível", afirma Sandroney Fochesatto, pró-reitor adjunto de Planejamento e Administração da UTFPR. A instituição aguarda o repasse de verba do governo federal para estudar a viabilidade dos investimentos.
A principal diferença entre a UTFPR, com RU há menos de seis anos, e a UFPR, que tem o serviço desde 1961, estaria no quadro de funcionários. Enquanto a Federal ainda conta com quadro próprio para trabalhar no restaurante, a Tecnológica precisa contratar terceirizados, o que encarece o serviço. O fato de a comida ser preparada em outro local e transportada até os câmpus também torna o processo mais caro.
Colaboraram Aline Souza e Jorge Olavo.
OUTROS EXEMPLOS
Bandejão a menos de R$ 1
Na Universidade Federal do Piauí (UFPI), todos os estudantes têm direito a almoçar ou jantar no restaurante universitário por apenas R$ 0,80. Além disso, alunos que dependem de bolsa para se manter na faculdade não pagam nada. As refeições são preparadas no próprio câmpus, por uma equipe formada por funcionários terceirizados e servidores concursados.
Entre as universidades federais do país, o valor cobrado em Piauí só supera os R$ 0,70 do RU da Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, o restaurante da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) é de graça para todos os alunos. A gratuidade também é praticada nos RUs das federais da Paraíba, de Alagoas e de Campo Grande, no entanto, as refeições são destinadas apenas a alunos que participam de programas de assistência estudantil.
Uma década
Segundo Nadir do Nascimento Nogueira, pró-reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários (Praec), o valor de R$ 0,80 é praticado há quase dez anos pela UFPI, que custeia 74% do custo total do bandejão. "O RU é uma política de assistência estudantil, priorizada pela Reitoria para manter o aluno mais tempo na universidade. É uma vontade política porque temos que tirar o dinheiro de algum lugar para manter esse padrão."
Nadir conta que universidades que não podem preparar as refeições no próprio câmpus pagam um custo maior pela terceirização. "Quando o serviço é 100% terceirizado, os bandejões acabam saindo muito mais caro, de R$ 6 a R$ 8 em média, e isso dificulta manter o preço e a qualidade das refeições", afirma.
RUs não se preocupam apenas com o bolso dos alunos
Com preços inferiores a R$ 3, algumas universidades se destacam também pela qualidade do serviço prestado à comunidade acadêmica e respeito ao meio ambiente. Na Universidade Federal do Pará (UFPA), por exemplo, há um projeto de coleta de óleo de fritura e uma campanha de incentivo aos usuários para levarem seus próprios copos, evitando o uso de descartáveis. No mesmo caminho, na Universidade de Brasília (UnB), os copos de plástico foram substituídos por canecas, distribuídas aos alunos. Além disso, não é autorizada a entrada de pessoas usando jaleco no refeitório.
Vegetarianos
Um segundo cardápio, voltado para vegetarianos e veganos, tem se tornado comum entre os RUs. Entre as instituições que já aderiram ao menu diferenciado estão a UnB e as universidades federais do Ceará (UFC), de Ouro Preto (Ufop) e de Santa Maria (UFSM), onde também há a campanha Resto Zero, para evitar o desperdício de alimentos.
Também preocupada com o meio ambiente, a Universidade Federal do Rio Grande (Furg) conta com coleta seletiva de sobras de legumes e vegetais, que são destinadas à compostagem na horta da instituição, e de lixo reciclável, encaminhado para uma associação de coletores.
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