Notebooks e tablets têm ocupado o lugar do caderno em escolas e universidades. Se você é daqueles que deixa o computador em casa e continua a fazer anotações à mão, é maior sua chance de ter um aprendizado melhor. É o que diz um estudo norte-americano publicado na revista científica Psychological Science.
Os pesquisadores Daniel Oppenheimer, da Universidade da Califórnia, e Pam Mueller, de Princeton, conduziram experimentos com 327 alunos orientados a fazer anotações durante palestras on-line. Metade usou papel e caneta e o restante, notebook. O desempenho do primeiro grupo foi superior nas duas provas aplicadas: uma feita meia hora depois da palestra e outra programada para a semana seguinte, quando os jovens tiveram a chance de estudar. Ambos os exames abordaram fatos simples, conceitos e aplicações do conteúdo.
O resultado poderia ser justificado pela distração dos alunos que usaram o computador, mas o estudo em laboratório não permitia acesso à internet ou qualquer outra atividade paralela. "O ato de escrever ativa muito mais áreas do cérebro. Gera processos intensos de retenção e associação a outras memórias que definem o aprendizado", explica o coordenador do curso de Psicologia da PUCPR, Naim Akel Filho. Para o professor, o estudo reforça uma linha de pesquisas da neurociência que aponta para esse sentido.
Comparação
O experimento observou que o grupo que usou caneta registrou de 100 a 150 palavras a menos em relação aos que digitaram. Isso mostra que o teclado é "dominado" com maior facilidade que uma esferográfica, o que faz com que alguns pontos importantes sejam destacados por aqueles que escrevem, enquanto a maioria que digita acaba transcrevendo o que é dito.
"A anotação é de extrema importância. O aluno consegue fazer uma síntese do que entendeu do conteúdo passado pelo professor", afirma a coordenadora do curso Pedagogia da Universidade Tuiuti do Paraná, Maria Iolanda Fontana.
Luiza Ribeiro, aluna do último ano de Letras da PUCPR, é da turma que anota tudo no caderno. "Não levo o computador. Prefiro copiar fazendo flechas, asteriscos, destacando palavras-chaves e o que elas significam", diz. Segundo Maria Iolanda, a assimilação é colocada em prática durante a escrita, já que estimula o aluno a abreviar palavras e elaborar esquemas de anotações.
Isso pode explicar o pior desempenho do grupo digital. Mesmo com mais informações registradas, enquanto tentam reconstruir o contexto de palavras transcritas, os alunos do outro grupo fazem uma releitura do conteúdo adquirido.