Promessas de campanha focam no cotidiano dos jovens
Educação pública, políticas para a juventude e passe livre são alguns dos temas mais recorrentes entre os universitários candidatos quando falam de seus projetos. Eles não entram em detalhes sobre como darão viabilidade às suas ideias, mas prometem ser fiéis aos objetivos anunciados. "Eu me candidatei para lutar pelo passe livre. Esse é meu principal projeto e sei que posso fazer a diferença nessa luta", afirma a candidata a deputada federal pelo Partido Verde (PV) Bruna Spagnol, 22 anos.
Estudante de Direito nas Faculdades Dom Bosco e gerente de restaurante, Bruna tenta tornar sua causa popular entre familiares, colegas e conhecidos, mas garante que vai intensificar a busca por votos quando a eleição estiver mais próxima.
Periferia
Já a candidata a deputada estadual pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) Bianca Zanetti, 23 anos, preferiu começar cedo a campanha nas ruas e trancou o curso de Geografia na UFPR para dedicar-se exclusivamente à busca por votos. O principal tema de seu discurso é a denúncia daquilo que chama de "genocídio negro", referente ao número de mortes de jovens negros na periferia da cidade. "A maior parte da juventude não tem perspectiva de futuro e são os que mais sofrem com o sucateamento da educação pública", diz.
O tema escolhido não é novo para Bianca, acostumada a debater esse e outros assuntos ligados aos problemas da educação pública no DCE da UFPR, do qual fazia parte, mas optou por se afastar para levar a campanha adiante. (JDL)
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Para ter bom desempenho em uma corrida eleitoral é preciso fazer campanha e investir tempo, esforços e dinheiro na divulgação do próprio nome. Muitos afastam-se dos afazeres cotidianos para dedicar-se exclusivamente a esse momento, mas, para alguns estudantes, o desafio não intimida. Eles escolheram viver intensamente alguns meses de suas vidas conciliando a condição de candidato e universitário.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Paraná tem 18 candidatos que se declaram estudantes concorrendo aos cargos de deputado federal (oito) e estadual (10). São 79 (7,7% do total de candidatos) os que declaram ter ensino superior incompleto o que não significa necessariamente que eles continuam nos bancos escolares. Há ainda os que estão na segunda faculdade e os que trancaram a matrícula para conseguir mais tempo para a campanha. Com isso, estima-se que cerca de 100 universitários paranaenses estejam na disputa por cargos públicos nestas eleições.
Rotina
Os perfis dos candidatos são variados, mas o que os une é o discurso de renovação na política, a estratégia de angariar votos entre seus semelhantes e uma rotina corrida, na qual tentam se tornar populares ao mesmo tempo em que batalham por boas notas em provas e trabalhos. "Tem sido difícil. Preciso dar conta do trabalho, do relatório de estágio e prosseguir com as visitas nas casas de vizinhos e amigos", conta Rudá Morais Gandin, 25 anos, candidato a deputado estadual pelo Partido Pátria Livre (PPL).
É a primeira vez que o estudante de Pedagogia da UFPR e educador de creche municipal entra em uma eleição, mas seu envolvimento com o mundo da política começou aos 16 anos, quando fundou o grêmio estudantil do colégio em que estudava. Desde então, Rudá seguiu a trajetória clássica de militante do movimento estudantil, assumindo cargos no Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFPR, em 2009, e na União Paranaense dos Estudantes (UPE), em 2010.
Família
Se faculdade, campanha e trabalho são suficientes para deixar o cotidiano atolado de tarefas, Celia Regina Piontkievicz, 44 anos, enfrenta desafios ainda maiores. Além de estudar Serviço Social na UniBrasil, fazer estágio e ser candidata do Partido Comunista do Brasil (PC do B) ao cargo de deputada federal, ela reserva tempo para passar com o marido e os filhos de 18 e 13 anos.
"É uma correria, mas toda a minha família me apoiou e ficou feliz por eu sair candidata", diz Celia, cuja família é de Quitandinha, na Região Metropolitana de Curitiba, localidade que considera estratégica para a captação de votos, assim como os portões da própria faculdade, onde colegas e professores a têm apoiado.
A busca comum pela renovação política
Parte dos universitários candidatos aposta na lembrança das manifestações de junho de 2013 para impulsionar a chegada de gente nova em cargos públicos. "A hora da renovação é agora. Não adianta o jovem ir para a rua, fazer protesto e, na hora da eleição, votar em político ruim que já estava por aí", defende Rafael Fernando Zilli, o Rafa do Posto, 30 anos. Ele é candidato a deputado federal pelo PPL e se lança candidato pela segunda vez. Em 2012, Zilli disputou o cargo de vereador nas eleições municipais.
O nome de campanha vem de sua ocupação. Zilli é dono de um posto de gasolina em São José dos Pinhais, atividade que administra paralelamente à faculdade de Odontologia na Universidade Tuiuti do Paraná. "Como trabalho e estudo, não tenho tempo de fazer campanha na rua. Por isso uso muito a internet e o meu próprio posto" , conta.
A renovação é defendida inclusive por quem tem o pai na política. O estudante de Economia da UFPR Felipe Francischini, candidato a deputado estadual pelo partido Solidariedade, é filho do deputado federal Fernando Francischini e diz que ninguém mais se sente representado pela classe política atual. "Eu me envolvi porque acredito que nenhum partido atual representa bem a população e me dediquei à construção de um novo partido para que as pessoas voltem a acreditar na política", diz Felipe, que foi um dos fundadores do Solidariedade no Paraná.
Exclusividade
Felipe, graduado em Direito pelo Unicuritiba, optou por trancar o curso de Economia para se dedicar exclusivamente à campanha. Apesar disso, sua estratégia para captação de votos inclui os câmpus universitários. "Na reta final de campanha, quero ir de faculdade em faculdade distribuir panfletos pessoalmente."
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