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Estudantes do curso de Engenharia Civil da UFPR testam a capacidade de trabalhar em equipe com a construção de pontes de papel | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Estudantes do curso de Engenharia Civil da UFPR testam a capacidade de trabalhar em equipe com a construção de pontes de papel| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Ninguém constrói uma ponte sozinho

Pontes de aço e concreto ligam espaços – e pessoas – separados por acidentes naturais. O papel não é um material tão resistente, mas pode unir estudantes e professores em busca de aprendizado mais prático e dinâmico. Foi o que aconteceu na última semana no curso de engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná. A competição de pontes de papel desafiou equipes de estudantes a projetarem e construírem modelos a partir de dois pedaços de cartolina e um tubo de cola branca. As pontes deveriam vencer um vão livre de um metro e resistir à maior carga possível, além de possuir eficiência estrutural e quesitos arquitetônicos.

Das oito equipes inscritas, seis chegaram à final. Uma desistiu por falta de integrantes. "Quiseram se inscrever em dupla, mas no dia da execução do projeto perceberam que era preciso mais gente para concluir tudo no tempo estipulado", conta o professor Marcelo Medeiros, que vê o trabalho em equipe como parte fundamental da formação do engenheiro.

A equipe vencedora do desafio era formada pelos estudantes do último período: Daieny Ferreira, Enzo Marins, Heinz Throniecke e Vickiane Andrade, que apostaram em um design arrojado e investiram nos cálculos. A fase de elaboração e discussão do projeto foi a mais trabalhosa. "o Heinz sugeriu o tipo de ponte. Fomos atrás de embasamento teórico e cálculos para decidir se a proposta era viável. No fim, todos contribuíram e estavam de acordo com os mínimos detalhes. Por isso a montagem foi tranquila", resume Daieny. "Ninguém constrói uma ponte sozinho. Sentimo-nos vitoriosos desde o momento em que a nossa parou em pé", comemora Marins.

Saiba o que fazer para trabalhar bem em equipe

1. Não fofoque, o leva e traz é constrangedor. Membros da equipe devem ter maturidade para trocar feedback de forma transparente e profissional.

2. Valorize o trabalho do grupo e, principalmente, as conquistas de cada um.

3. Não julgue ou subestime as pessoas. Todos têm potencial para alcançar suas metas.

4. Compartilhe suas melhores práticas.

5. Não traga discussões políticas, religiosas ou pessoais ao grupo. Muito menos brincadeiras que envolvam características ou hábitos de colegas.

6. Evite pedir favores pessoais quando esses influenciam o dinamismo da equipe.

Fontes: Danilo Castro, diretor da Page Personnel, e Carlos Contar, diretor da regional sul da Business Partners Consulting.

Grandes ideias podem ser fruto da inteligência de uma pessoa só, mas projetos precisam de uma soma de esforços para se transformarem em realidade. Assim como as formigas – que sozinhas não passam de um inseto frágil e juntas formam uma das comunidades mais organizadas do reino animal –, os seres humanos vão mais longe quando estão unidos. O trabalho em equipe gera resultados melhores, em menos tempo, e é essencial em praticamente todas as áreas. Uma cirurgia, um prédio, uma campanha publicitária, um programa de computador: tudo isso exige competência e dedicação de vários profissionais para ser bem feito. E, como no caso das formigas, quando cada um sabe e cumpre suas funções, os benefícios são divididos entre todos.

Um dos melhores lugares para exercitar a postura em trabalhos de equipe é a faculdade. A estudante de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Fernanda Silva aproveita o curso para melhorar o relacionamento interpessoal. "Participo de alguns grupos de estudo e iniciação científica. É essencial saber ouvir os colegas. Visões diferentes acrescentam muito aos trabalhos", diz. No caso da estudante, a sintonia com os colegas é tão importante quanto entre médico e paciente e outros profissionais da saúde. E isso vale para todas as profissões: além de manter boas relações com colegas diretos, também é preciso dialogar com outros profissionais e, principalmente, com o público ou cliente.

Exercício

Na graduação, exercitar o trabalho em grupo é um importante passo na formação dos profissionais e vai muito além de uma política para melhorar o clima entre colegas ou a harmonia do grupo. Isso é preciso porque dá resultados concretos."Por ser, normalmente, mais heterogêneo, o grupo possibilita encontrar soluções que sozinhos, sem as articulações e os embates próprios do trabalho em equipe, não vislumbraríamos. É a velha história de que duas cabeças funcionam melhor do que uma", explica o professor dos cursos de Comunicação da UniBrasil e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) João Augusto Moliani.

A estudante de Engenharia Civil da UFPR Aline Piske está acostumada a trabalhar em conjunto. No curso, o trabalho em grupo é exigido em quase todas as disciplinas. Ela já projetou pontes, fez orçamento de obras e até participou de um projeto para melhorar o restaurante universitário da instituição. Tudo ao lado dos colegas.

"As pessoas têm de ouvir e se posicionar. Além disso, a troca de raciocínios possibilita o desenvolvimento e o aprofundamento dos temas", diz a estudante, que afirma acreditar que esse é um exemplo do que será encontrado no ambiente profissional. Contudo, a união de pessoas diferentes nem sempre dá certo. Divergências e intolerância podem levar ao fracasso rapidamente. "Já tive problemas com desentendimentos e integrantes que não participaram", conta Aline.

Pré-requisito para o currículo

A capacidade de trabalhar com a diversidade é uma das principais qualidades que empresas buscam nos profissionais. "No mercado de trabalho existem pessoas de diversas religiões, raças, culturas e visões políticas. O bom profissional deve ser flexível e aberto a opiniões diferentes e isso é uma extensão do que é trabalhado na universidade", diz o diretor da regional sul da Business Partners Consulting, Carlos Contar.

Trabalhar em equipe já foi um diferencial; hoje é pré-requisito. Quem não se comporta bem dentro do time da empresa não se estabelece e não consegue altos cargos. Ter um bom relacionamento interpessoal, ser cortês, saber ouvir, entender e tomar decisões é mais importante do que um currículo repleto de especializações.

Mas como se destacar sem passar por cima dos colegas? Um dos maiores desafios é saber o momento e o jeito certos de assumir a liderança de um projeto. O bom profissional sabe quando deve ser líder e quando é melhor ser subordinado. "Em um grupo, geralmente cada integrante tem uma habilidade ou conhecimento específico que se sobressai. Quando surge um tema mais relacionado a essa área, a liderança deve vir naturalmente, sem imposições", explica Contar. O importante, segundo ele, é transparecer credibilidade e confiança para os demais e saber passar a bola quando a especialidade de outro for mais necessária.

Em busca do perfil de liderança, cada vez mais empresas usam dinâmicas de grupo em processos seletivos. O que define o profissional com esse perfil é a capacidade de unir as ideias de toda a equipe. "O líder não é aquele que sabe mais, é o que vai fazer com que todos deem as mãos e conquistem a meta proposta. Deve estar sempre disposto a aprender."

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