Um milhão de dólares para ajudar a resolver um grande problema social. O desafio é proposto aos universitários de todo o mundo pelo Hult Prize, premiação concedida pela Hult International Business School, instituição de ensino superior com câmpus em cinco países. Na quarta edição, o prêmio já envolveu mais de 25 mil estudantes de 350 instituições de ensino superior do planeta.
Neste ano, 10 mil estudantes de 157 países sendo 500 equipes latino-americanas inscreveram projetos relacionados ao tema da vez: fome. Até esta edição do Hult Prize, os brasileiros que quisessem competir tinham de viajar a uma das cidades que recebiam as etapas regionais: Boston, San Francisco, Londres, Dubai ou Xangai.
Para a competição de 2014, cujas inscrições começam em setembro, São Paulo foi incluída como sede regional, o que facilitará a participação de milhares de estudantes da América Latina. O anúncio foi feito em junho pelo CEO do Hult Prize, Ahmad Ashkar, durante uma viagem ao Brasil, que teve Curitiba no roteiro.
Para Ashkar, o empreendedorismo social pode resolver os maiores problemas globais. "Temos uma plataforma para começar organizações que devem mudar o mundo. Se o estudante não sabe como começar um negócio social, nós vamos ensinar", diz.
Segredo
O segredo para vencer o prêmio não se resume a uma boa ideia. Ter critério para escolher os outros integrantes da equipe é o passo mais importante. A dica de Ashkar é combinar talentos de áreas diferentes. "Chame alguém bom em negócios e administração, um engenheiro, alguém criativo e da área de artes, alguém bom com dinheiro e um bom comunicador, especialmente que fale outros idiomas. É muito importante ter alguém que se comunique bem e venda a ideia", comenta, lembrando que o único pré-requisito é que a equipe inscrita seja formada por pessoas matriculadas na mesma universidade, na graduação ou pós.
Entrevista
Eles estão na final
Arquivo Pessoal
Monica Noda (no centro), 29 anos, estudante do MBA na Esade Business School, em Barcelona.
Qual é a proposta de vocês?
Nós acreditamos que pequenos varejistas ao redor do mundo podem ter uma função importante para combater a insegurança alimentar. Eles são particularmente essenciais para a população de baixa renda que vive nas favelas, já que eles são bem estabelecidos dentro da comunidade, oferecem crédito e vendem em pequenas quantidades mais acessíveis. A nossa empresa irá fortalecer locais a esses varejistas e uni-los via uma plataforma tecnológica que irá agregar os seus poderes de compra para reduzir o preço dos alimentos e, ao mesmo tempo, desvendar novas informações de alto valor para empresas que produzem alimentos com o objetivo de ajudá-las a inovar e criar alimentos de alto valor nutritivo para a base da pirâmide. A nossa visão é a de um mundo onde as comunidades das favelas são fortalecidas por uma rede global de varejistas locais e atendidas por produtores de alimentos nutritivos. Nós vemos um mundo de pequeno varejo com um grande impacto.
Em que estágio da premiação vocês estão?
No Hult Prize deste ano, mais de 10 mil estudantes de mais de 150 países e 350 universidades se registraram. Durante as finais regionais, foram selecionados 250 times que competiram em cinco cidades diferentes ao redor do mundo: San Francisco, Boston, Londres, Dubai e Xangai. O meu time, representando a Esade Business School, foi o vencedor de Dubai. Agora fomos selecionados como finalistas e estamos no último estágio da competição. Os vencedores das cinco cidades, mais o vencedor da competição on-line passam o verão em Boston, participando do Hult Prize Accelerator, que basicamente é uma incubadora que irá nos ajudar a desenvolver os nossos modelos de negócios.
Por quanto tempo ficarão em Boston?
O Hult Prize Accelerator acontece durante seis semanas, do dia 2 de julho a 16 de agosto. O meu time foi para Mumbai (maior cidade da Índia), antes da viagem para Boston, para coletarmos informações e começarmos a estabelecer os nossos parceiros de negócios, já que nosso projeto piloto está sendo desenhado para atender o mercado daquele país.
Qual o passo seguinte?
Em setembro, os seis times finalistas se apresentarão, durante a noite de abertura da Clinton Global Initiative Annual Meeting, para o ex-presidente Bill Clinton e um painel de especialistas. O time vencedor leva US$ 1 milhão para implementar a sua empresa social.
Qual sua função na equipe?
O nosso time vem de nacionalidades e experiências profissionais bem diversas. Como a cultura da nossa escola é particularmente muito colaborativa, nós ainda não determinamos funções exclusivas para cada um de nós e, por enquanto, temos trabalhado juntos em todas as frentes.
Alguma dica aos estudantes que não se inscrevem por acharem que não tem chance?
A inscrição é o processo mais simples do Hult Prize. Todos os alunos de universidades e mestrados estão qualificados para concorrer. Você só precisa mandar o currículo e uma carta de motivação do time. O mais importante é formar uma equipe que tenha qualificações diversas e que tenha vontade de solucionar problemas globais complexos. Insegurança alimentar e outros problemas relacionados à pobreza, como falta de energia, água potável ou educação, e criar uma empresa social são um grande desafio e que requerem muita análise crítica e criatividade.