Um capítulo do livro didático Por uma Vida Melhor tem provocado polêmica em todo país. Nele, a autora, Heloisa Ramos, mostra que em alguns casos a linguagem oral pode divergir da norma culta e que isso não significa que ela esteja errada. Se você pensa que a discussão fica restrita a educadores e às páginas dos jornais está enganado. Os vestibulares e o Exame Nacional do Ensino Mèdio (Enem) costumam cobrar na prova de língua portuguesa que o estudante saiba diferenciar uma da outra e, principalmente, em que ocasião se deve empregar cada uma.
"Os professores que fazem estas provas são linguistas e a maioria partilha da mesma opinião de Heloísa, de que não existe o certo ou o errado, mas o adequado para ser falado ou escrito", diz o professor de língua portuguesa do Curso Acesso João Filipe Magnani. Portanto, para ir bem preparado para as provas, o vestiba não só precisa dominar a norma culta, mas também ter conhecimento de que na hora de falar as pessoas podem usar outra linguagem.
E como isso cai na prova? O professor explica que pode haver enunciados pedindo que o estudante faça a associação entre as alternativas que correspondem ao padrão da norma culta e as que referem-se à forma coloquial. No caso do Enem é comum, segundo Magnani, que as questões apresentem uma situação ao estudante de conversa entre amigos, de entrevista de emprego ou de uma audiência jurídica para que ele assinale qual é o padrão linguístico correspondente.
Na hora de escrever
A prova de produção de texto é o momento que o vestiba tem para demonstrar domínio da norma culta da língua. Por isso, deixe de lado a oralidade, organize bem as ideias e coloque-as de forma clara no papel, sem esquecer que a concordância e regência verbal e nominal precisam estar afiadas, assim como a ortografia. Uma dúvida, porém, pode aparecer em relação à prova de redação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que exige do estudante diferentes tipos de textos, que vão do opinativo ao narrativo, passando pela escrita de uma carta.
Por causa dos estilos variados e do tamanho do texto, com poucas linhas, o estudante pode pensar que tem mais liberdade. Ela até existe, mas na construção do texto e organização das ideias, não na escrita. "Eu recomendo não fugir da linguagem formal, independentemente do tipo de texto. Afinal, todos são registros escritos, não orais", explica Magnani.
Na Prática
Veja como o tema apareceu no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010:
O texto mostra uma situação em que a linguagem usada é inadequada ao contexto. Considerando as diferenças entre língua oral e língua escrita, assinale a opção que representa também uma inadequação da linguagem usada ao contexto:
a) "O carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito" - um pedestre que assistiu ao acidente comenta com o outro que vai passando.
b) "E aí, ô meu! Como vai essa força" - um jovem que fala para um amigo.
c) "Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observação" - alguém comenta em uma reunião de trabalho.
d) "Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de Secretária Executiva desta conceituada empresa" - alguém que escreve uma carta candidatando-se a um emprego.
e) "Porque se a gente não resolve as coisas como têm que ser, a gente corre o risco de termos, num futuro próximo, muito pouca comida nos lares brasileiros" - um professor universitário em um congresso internacional.
Resposta: e
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