Um erro de digitação causou confusão e correria entre os estudantes que fazem neste sábado a primeira etapa do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem 2010, na Faculdade Facet, no centro de Curitiba. O documento enviado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) aos candidatos continha um erro de digitação: no endereço do local constava o número 70, enquanto o correto era 470.
Uma matéria publicada hoje na edição impressa da Gazeta do Povo já havia alertado sobre o problema, mas muitos estudantes não perceberam o equívoco e se dirigiram ao local errado. "Eu não sabia, pensei que era o número 70 mesmo", disse o estudante Rafael Ferreira da Luz, de 26 anos, que foi encontrado pela reportagem procurando o local correto.
Mesmo sabendo que o cartão continha erro, o Ministério da Educação não enviou nenhum fiscal ao local para orientar os estudantes que fossem chegando. "Avisamos que o cartão tinha esse problema no meio da semana. Hoje, recebemos apenas uma confirmação de que eles haviam realmente errado, mas nenhuma orientação sobre o que deveríamos fazer", disse um fiscal de prova que não quis se identificar.
Ele disse ainda que, mesmo sem orientações, a equipe de fiscais da Facet decidiu colocar cartazes espalhados entre o número 50 e a faculdade. No entanto, um fiscal só foi deslocado ao local "errado" às 12h45, dez minutos antes do horário oficial de fechamento dos portões.
Por conta das informações erradas no cartão de inscrição e da falta de orientação do Ministério da Educação, os coordenadores decidiram fechar os portões 15 minutos após o horário oficial, às 13h10. "Não tivemos nenhuma posição do pessoal do MEC, esta decisão foi tomada pela coordenação, comunicada e autorizada pela Cespe/Cesgranrio, que é responsável pela prova", informou outro fiscal que não quis ter sua identidade revelada, por medo de futuras retaliações. "A única orientação que tivemos foi a de que não estamos autorizados a falar com a imprensa", justificou.
A repórtagem entrou em contato com a assessoria de comunicação do Inep, que informou que até o momento nenhum informação sobre erros nos cartões de inscrição ou sobre problemas durante o primeiro dia de provas havia sido informada.
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Mais confusão
No câmpus da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR) no Prado Velho, o maior local de provas do Enem em Curitiba, com mais de 11 mil inscritos, houve mais confusão. Pouco antes do fechamento dos portões o trânsito na região estava intenso, mas sem problemas no acesso ao portão principal. Mesmo assim, a correria dentro do câmpus foi grande e muitos candidatos não conseguiram chegar a tempo nos blocos, que fecharam as portas às 12h55.
Para Mariana Meira, de 21 anos que vai tentar o vestibular para o curso de Letras, o maior problema foi a falta de informação dentro do câmpus. Segundo ela não havia nenhum mapa, placas ou instrutores que ajudassem na localização dos blocos. "Eu cheguei dentro da PUC 20 minutos antes e não conseguia encontra o meu bloco. Fiquei correndo de um bloco ao outro. Quando finalmente encontrei a porta já estava fechada", afirma.
Somente no bloco amarelo, pelo menos 15 pessoas ficaram para fora e as reclamações sobre a falta de informação continuaram. Liliane Jaime, de 25 anos, afirmou que os blocos fecharam em horários diferentes. "Me deram informações erradas e não conseguia encontrar o meu bloco. Mas outras pessoas ainda estavam entrando nos outros locais", conta a estudante que, junto com outros candidatos do mesmo bloco que ficaram pra fora, iria registrar a reclamação junto ao Inep.
Expectativas para a prova
Até as 17h30 os candidatos irão responder 90 questões de Ciências da Natureza e Ciências Humanas e a expectativa era de uma prova tranquila, mas cansativa. "Cada questão é quase um texto então você precisa de muita leitura e atenção. Estou confiante, acho que o principal para ir bem na prova é a interpretação", afirma Amanda Carvalho de Oliveira, de 19 anos que vai tentar uma vaga no curso de Engenharia Civil. Essa era a mesma ideia do seu colega John Miekley dos Santos de 17 anos vestibulando de Engenharia Mecânica. Para ele, o Enem avalia todo o conteúdo do ensino médio, não apenas o que sem aprende nos cursinhos. "Estou tranquilo porque tive uma boa base de estudos durante os outros anos. A prova também é mais simples se comparada aos outros vestibulares, mas é mais extensa e cansativa", conta.
Sobre a proibição do uso de relógio durante a prova, o estudante Joel Schuster, de 21 anos que tenta uma vaga em Medicina, acredita que não será um problema, pois o candidato pode solicitar o acompanhamento do horário aos fiscais de prova. "Uma coisa muito importante no Enem é saber administrar o tempo para conseguir resolver todas as questões. Com a ajuda dos fiscais que vão nos dizer o horário não vai ser um problema estar sem o relógio", afirma.
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