Daniele Siqueira está tão inserida no universo do agronegócio internacional que a primeira palavra quem vem à mente dela ao olhar para um pé de milho não é “pendão” e sim “tassel”, a tradução em inglês. “Como quase toda a minha experiência de campo em agricultura é americana, existem alguns termos em que o meu vocabulário ‘natural’, digamos assim, é em inglês, não em português”, conta a jornalista especializada em agronegócio e analista de mercado de soja e milho.
Ela não precisou fazer um curso específico de “língua inglesa aplicada ao agronegócio”, o conhecimento do vocabulário e das expressões pertinentes à sua área de atuação veio com o dia a dia. Ela relata como adquiriu a fluência necessária para o trabalho. “Primeiro lendo muito, acompanhando notícias e análises de veículos especializados na área. Depois, morando no Meio-Oeste dos EUA e tendo contato direto com americanos que trabalham com agronegócio. Depois desse período de um ano morando nos EUA, o trabalho me levou a visitar o país com bastante frequência anos seguintes, para participar de eventos e acompanhar a safra de soja e milho.”
Na opinião de Rodrigo Vianna, CEO da Mappit – empresa especializada em identificar talentos e conectá-los com empresas -, esse é o caminho natural para quem precisa utilizar o inglês profissionalmente. “Primeiro você aprende o inglês como ‘pessoa física’ e depois vai aperfeiçoando na ‘pessoa jurídica’. Quando você aprende o básico, o vocabulário, tempo verbal correto, gramática, o restante é mais fácil de aprender, com tempo, convivência e leitura. Vale para qualquer idioma. Aprender inicialmente a estrutura da língua e depois, na demanda do dia a dia, você acaba aprendendo aquilo que tem que saber no seu universo profissional.”
Segundo pesquisa realizada pela Talenses, consultoria de recrutamento e seleção, 60,61% dos entrevistados afirmam que o principal fator que os motivou a aprender um novo idioma foi o trabalho. Na sequência, está interesse pessoal (29,25%) e viagem (5,24%). O levantamento foi realizado em 2017 com 1.800 profissionais.
Inglês como principal aposta
A pesquisa indica que quase 100% (98,99%) dos profissionais apostam no inglês como a segunda língua para o mundo corporativo. Vianna concorda que ela deve ser a primeira opção para quem quer avançar na carreira. “É a língua mais falada do mundo. Somos um mundo completamente globalizado, não existem mais as grandes fronteiras, a comunicação hoje é virtual, global e acontece a todo momento, em qualquer lugar do mundo. Algumas empresas têm uma operação muito mais Brasil e América Latina. Isso faz com que o brasileiro tenha esse dilema: ‘falo inglês ou falo espanhol’. Eu ainda recomendo que o inglês seja uma segunda língua, depois do português, e o espanhol como uma terceira língua. Apesar dessa oportunidade na América Latina, grande parte das multinacionais que estão aqui acaba usando o inglês como idioma mãe.”
Daniele conta como o inglês acaba sendo necessário no dia a dia dela. “Na empresa em que trabalho, uma das minhas funções é coordenar o serviço de informações voltado a clientes internacionais. Por isso, eu preciso escrever em inglês tanto nos boletins que são enviados diariamente a esses clientes como nos e-mails que são eventualmente trocados com eles. O mesmo acontece no atendimento à imprensa internacional, que também é minha responsabilidade. Fora isso, a função de analista de mercado requer leitura em inglês o tempo todo, pois o centro de formação dos preços internacionais é a Bolsa de Chicago e muita coisa gira em torno do mercado americano. Também converso com fontes estrangeiras, por e-mail, WhatsApp e telefone.”
Ou seja, não é preciso estar em terras estrangeiras para precisar ter um inglês afiado.
Empreendedorismo e aperfeiçoamento
Se em muitas áreas de atuação o inglês é uma vantagem competitiva, em outras é uma exigência básica. “Quando falamos de empreendedorismo digital, grande parte dessas empresas tem algum tipo de relação com o Vale do Silício ou com grandes polos de tecnologia que estão fora do Brasil. O fato de você não falar inglês significa que você dificilmente vai ter oportunidade de ter reuniões importantes com possíveis investidores. A gente está falando de um segmento específico, de tecnologia, startups”, argumenta Vianna. (Leia mais)
Mas independente do segmento, o aperfeiçoamento profissional sempre é visto com bons olhos. E, mais uma vez, o conhecimento de língua inglesa pode ser um importante diferencial. “Hoje muitos cursos aqui no Brasil, MBA, por exemplo, partem de material em inglês. Vai fazer uma leitura de um texto, de um case: o material está em inglês. Se quiser ir pra fora, nem precisa falar. Vai passar 24 horas falando inglês com professores, colegas, etc. Se não falar, não entender, não vai aproveitar nada o curso, só a experiência cultural de estar num outro país”, conclui o especialista em recrutamento.
Wise Up News: notícias em inglês
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