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 | Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo
| Foto: Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo

Os dois treinadores moravam no mesmo prédio no Rio de Janeiro e nem imaginavam que, logo em seguida, estariam, praticamente ao mesmo tempo, retornando a Curitiba para serem rivais. Assim, os técnicos de Atlético e Coritiba se preparam para o último Atletiba do ano, mas o primeiro deles na temporada: domingo, às 16 horas, no Couto Pereira. O respeito entre eles é mútuo, os estilos são bem diferentes, mas o objetivo é o mesmo: vencer. Não será difícil de se perceber as características de Antônio Lopes e Ney Franco que deverão margear o clássico nas 12 respostas abaixo dadas à Gazeta do Povo.

Entrevista 1, com Ney Franco, técnico do Coritiba.

Qual o melhor time que você já viu jogar?

Eu vou em uma história recente: o Cruzeiro de 2003.

Qual o melhor time que dirigiu?

Passei bons momentos no Fla­­mengo, campeão da Copa do Bra­­sil e campeão regional. Em um ano e dois meses tivemos de mu­­dar a forma da equipe jogar e o ti­­me se acertou. Mas também não posso deixar de falar do Ipatinga, temporada de 2005/06. Uma equipe do interior que foi campeã mi­­neira e no ano se­­guinte che­­gou em uma se­­mifinal de Copa do Brasil, eliminando San­­­­tos, Náu­­tico e Botafogo.

O que não pode faltar em uma boa preleção?

Você saber dividir bem ela. Tem de falar da parte tática, técnica, dis­­ci­­plinar e motivacional. Além disso, saber jogar com o tempo de cada uma delas dependendo do jogo.

Prefere ganhar jogando feio ou perder jogando bonito?

Prefiro sempre jogar bonito. Mas no futebol a gente tem de se satisfazer com o resultado.

Em quem se espelhou como técnico?

São várias pessoas. Tra­­balhei 10 anos nas categorias de base do Cru­­zeiro, três no Atlético-MG e vi passar por lá grandes treinadores. Alguns deles abriram espaço, como o Ênio An­­drade, que, coinciden­­temente, foi campeão Brasileiro pelo Cori­­tiba. Mas cito também o Levir Culpi, Luxem­­burgo e Feli­­pão. Agora, um treinador que gosto muito de ver, que até se assemelha um pouco com a minha conduta e forma de trabalhar, é o Parreira.

Defina-se como treinador.

Treinador com potencial e ca­­paz de dirigir qualquer equipe da Série A do Cam­­peonato Brasileiro. Um treinador que tem muito a evoluir ainda na carreira e com muito potencial para ganhar vários títulos.

Qual o seu estilo musical preferido?

MPB.

O último filme a que assistiu?

Foi na segunda-feira, por coincidência, com o meu filho: Era do Gelo 1, 2 e 3. Vi todos na sequência, era meu dia de folga (risos).

Se não fosse técnico seria...

Jornalista.

Uma nota para a política brasileira? Justifique.

Nota 5. Acho que o Brasil tem mui­­to a evoluir principalmente na educação, saúde e segurança.

Como conquistou a sua esposa? (Érika, com quem Ney está casado há 8 anos).

Quando nos encontramos pela primeira vez trocamos olhares, vi­­ramos amigos. Depois, na conversa, saindo com o grupo de amigos, namoramos e as ideias bateram, teve feeling em todas as áreas.

Defina o Antônio Lopes?

Primeiramente é um amigo. No Rio de Janeiro eu morava no mes­­mo prédio que ele, almoçávamos juntos de vez em quando. Acho que é um dos treinadores mais vitoriosos do futebol brasileiro. Já foi campeão bra­­si­­leiro, campeão de Liberta­­dores, campeão regional. Se no final da mi­­nha carreira eu olhar para trás e tiver 50% dos títulos que ele tem, vou me considerar um treinador realizado.

* * * * *

Entrevista 2, com Antônio Lopes, técnico do Atlético.

Qual o melhor time que já viu jogar?

Gostei muito do Palmeiras neste Bra­­sileiro. Foi o que mais me agradou, apesar de ter perdido os últimos jogos. Já em todos os tempos o me­­lhor time que vi foi o Vasco cam­­­­peão da Libertadores de 98.

Então, subentende-se que o me­­lhor time que dirigiu foi o Vasco de 98.

O Vasco de 98 foi o melhor que vi e dirigi.

O que não pode faltar em uma boa preleção?

Parte tática. O treinador tem de preparar a equipe e ter treinado tudo aquilo relacionado com a parte tática. Mas a parte motivacional também é muito importante. Eu sempre divido a minha preleção nessas duas partes.

Prefere ganhar jogando feio ou perder jogando bonito?

Eu prefiro ganhar sempre.

Em quem se espelhou como técnico?

Me espelhei no Cláudio Cou­­tinho, que trabalhava no Fla­­mengo na década de 70. Ele ha­­via sido campeão do mundo co­­mo um dos preparadores físicos da seleção em 1970. Depois passou a ser técnico. Vi o trabalho dele na seleção de 78. Eles treinaram em São Januário e eu era as­­sistente técnico do Vasco. Me empolguei bastante.

Defina-se como treinador.

Um bom treinador, muito experiente e que está sempre atualizado com o futebol brasileiro e mundial.

Qual o seu estilo musical preferido?

Gosto de pagode e de samba. Sou do Rio. Quando rapazola, frequentava muito os ensaios da Man­­gueira, Portela e Unidos da Tijuca.

O último filme a que assistiu?

Há muito tempo não vou ao cinema, não tenho tempo. O último filme que vi foi um sobre o Ghandi, mas não lembro o nome.

Se não fosse técnico seria...

Dentista. Mas aí apareceu a Edu­­ca­­ção Física em 1960. Eu nem sabia que era curso superior, pensava que era nível secundário. Quan­­do soube, mudei a escolha, pois já tinha o futebol no sangue.

Uma nota para a clas­­se política brasileira? Justifique.

Não me meto em po­­lí­­tica e nem gosto. Meu negócio é futebol.

Como conquistou sua es­­posa?

A Dona Elza eu conquistei de ga­­roto. Praticamente desmamei ela. Morávamos em um conjunto habitacional em Bon­­sucesso, ela tinha 13 anos e eu 14. Éramos crianças e brincávamos juntos. Co­­­­me­­çou o namoro em uma época tenra e fomos até o casamentos. Hoje já fizemos 41 anos de ca­­sado. Ar­­rumei uma grande es­­posa, uma grande mãe e uma grande filha. Sou muito feliz por isso.

Defina o Ney Franco?

Uma pessoa muito educada. Rapaz de personalidade muito forte. Con­­vivemos bem no Rio, chegamos a morar no mesmo edifício. É muito competente e já mostrou isso. Fez um trabalho extraordinário no Ipatinga, ga­­nhou um estadual lá e no Fla­­mengo foi campeão também. Meço a competência dos treinadores pelas conquistas e o Ney já não é mais garoto, já é consagrado.

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