É o maior dos desafios. Nas conversas de cada Olimpíada sente-se o desdém, como se não fosse tão importante o título, embora todos façam questão de lembrar tratar-se da única conquista de peso ainda não alcançada pela seleção brasileira de futebol.
Certo que em tempos passados nem se poderia considerar essa possibilidade, pois a concorrência com os países comunistas era indigesta. Com o veto a atletas profissionais e sem limite de idade para os participantes dos jogos, o grupo da Cortina de Ferro podia contar com todos os seus principais jogadores, os mesmos das seleções principais, uma vez que, oficialmente, não havia profissionalismo no futebol daqueles países eram todos militares ou funcionários públicos. E aí era carga pesada para nossos jovens convocados.
Com a fixação de um limite máximo de idade e a abertura do Leste Europeu, já passou a haver um equilíbrio maior de forças. Mas ainda assim não conseguimos chegar à tão esperada medalha de ouro. E nesse meio caminho já fizemos até papelão, como desprezar uma medalha de bronze na solenidade oficial de entrega.
Hoje começa a nova caminhada. A princípio sem problemas, contra um adversário frágil, o Egito, na sempre úmida Cardiff. Aliás, essa primeira fase não deverá ser problema para a seleção brasileira, que pode até utilizar as partidas para entrosar mais a equipe para os momentos decisivos a partir dos jogos eliminatórios Espanha, México e Uruguai são adversários a serem considerados.
Na comparação com jornadas anteriores, tecnicamente este grupo de agora é o melhor já reunido para a competição. Tanto que os jogadores mais experientes, acima dos 23 anos, foram escolhidos mais pela estabilidade técnica e pela liderança do que pelo que poderiam representar em talento, ao contrário de convocações anteriores: Rivaldo em 1996 e Ronaldinho Gaúcho em 2008, só para citar dois exemplos.
Temos agora jogadores acima da média. Neymar, Lucas e Oscar, por exemplo, jogam em qualquer clube do futebol mundial. Tanto que o mercado está em ebulição em torno deles (e do jeito como as coisas andam somente o santista voltará a jogar no Brasil). A defesa é sólida, a partir do capitão Thiago Silva, e não deverá sentir a troca de goleiro na última hora, pois nós, paranaenses, sabemos de todas as qualidades do ex-atleticano Neto.
Pela primeira vez na história olímpica o Brasil entra como favorito no futebol masculino. Mas favorito mesmo, não da boca para fora como em edições anteriores. Um bom trabalho nos Jogos de Londres poderá, inclusive, estabelecer a base do time que irá nos representar na Copa do Mundo daqui a dois anos. Ou isso ou todo trabalho de renovação realizado até agora será desperdiçado por causa das inevitáveis pressões que viriam a reboque de um tropeço.
O único cuidado é não permitir que os meninos se empolguem nesses primeiros jogos. Se tiverem consciência da força que têm, tudo será resolvido.
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