A televisão tem um papel fantástico no futebol e em outros segmentos, trazendo imagens reais daquilo que só podíamos imaginar sem a visualização do fato. Se o cinema é a sétima arte, a televisão é a oitava. O futebol só enriquece com os detalhes criativos elaborados pelo talento dos técnicos televisivos. São estes retoques sem pincéis que dão vida na telinha. E no acanhado Ecoestádio, palco do clássico de hoje, mais ainda será pela paisagem cinematográfica de fundo do Parque Barigüi. É o recurso moderno para compensar as limitações de espaços no acompanhamento ao vivo.
Do outro lado do show tecnológico, está a interação do artista com a platéia, a olho nu, que não há desconforto neste mundo que diminua o sacrifício. É a razão de se entender a imensidão de gente se espremendo para estar ao vivo, desde a final da Copa de 1950 no Maracanã, até o festival barrento e chuvoso de Woodstock, em 1969, passando por milhares de jogos, shows, e outros eventos de diversas áreas. É diferente. Parece haver uma energia que pulsa e alimenta nossa alma de forma inexplicável.
Esta semana vivenciei em Bueno Aires uma forma diferente acompanhando Brasil e Argentina em La Bombonera. No intervalo do jogo abdiquei do meu confortável assento na tribuna de imprensa, acomodando-me junto aos torcedores locais. Havia bons espaços. Gosto muito disso e não é a primeira vez que assim procedo. Se o jogo foi morno e apenas razoável em técnica, o palco em si criou um clima borbulhante com ligação direta dos artistas em campo e os torcedores. É como revivesse os festivais dos anos 60 na Record ou o próprio Woodstock. O estádio do Boca, todos sabem, é mágico. Imagine sendo o primeiro Brasil x Argentina da história ali jogado!
Muitas criança e mulheres no estádio. Nos gols deles a explosão extrapolava. Êxtase total, contagiante. Diferente da exteriorização nossa. Na falta de gênios, mesmo sem o brilho de costume, Neymar encantou em dois momentos, como bem descreveu o colunista Hernan Claus, do "Olé": "O pibe no tuve un bom partido, pero es un deleite verlo moverse. Hay dos jugadas que pintan su alma de crack. A los 14 minutos levantó suspiros con una corrida a la velocidad de Messi, algo que parece casi imposible para cualquier mortal. Gambeteó defensores como conitos. E no penal decisivo paró recto, se fue abriendo y definió a un palo. Neymar es la máxima estrella de Brasil", disse o argentino.
Atores e platéia necessitam de proximidade, de contato, de troca. Quando isto ocorre a ligação se faz, como no nosso Teatro Paiol durante os anos dourados de Vinícius, Os Cariocas, Zimbo Trio, até o último show de Gonzaguinha. Essa intimidade do artista com o público é fascinante.
Hoje será um jogo importante, mas sinto a carência do artista irreverente (Cadê Harrison? Cadê Kelvin?) e de um palco mágico. Falta a proximidade.
Até Mãe Dináh ...
Profetizei logo após a perda do ouro olímpico que Mano cairia antes da Copa. Foi numa enquete promovida pela Gazeta, e não tinha como ser diferente: perdeu tudo que era importante (Copa América, Olimpíadas e amistosos contra a Argentina duas vezes -, Alemanha e França). Usou 13 goleiros sem definir nenhum. Chegou ao cargo pela repescagem como opção "B" de Ricardo Teixeira. Não tem carisma. A favor de Mano pesa o fato de, finalmente, ter acertado com Ramirez e Paulinho a dupla flexível de volantes; de definir com acerto os quatro zagueiros; e de ser um homem educado e solícito. Muito pouco para a responsabilidade de ganhar um mundial dentro de casa. Conversei com ele depois do jogo de quarta-feira, na saída da zona mista do Bombonera, e não deu para filtrar nada. Mano dançou seu último tango em Buenos Aires. Para mim Muricy deveria ser o nome, mas penso que vai dar Scolari, que é bom para um torneio de tiro-curto, como é o Mundial.
Eleição sem Lula ou Bolsonaro deve fortalecer partidos do Centrão em 2026
Saiba quais são as cinco crises internacionais que Lula pode causar na presidência do Brics
Elon Musk está criando uma cidade própria para abrigar seus funcionários no Texas
CEO da moda acusado de tráfico sexual expõe a decadência da elite americana
Deixe sua opinião