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Na última coluna que escrevi, disse que os clubes brasileiros deveriam primeiro concertar (com "c") ao invés de chorar como velhas carpideiras. No mesmo dia recebi um respeitoso e-mail: "Me perdoe, Militão, mas ‘concertar’ no final (da coluna) ficou feio". Confesso que não entendi.

Se "ficou feio" refere-se ao estilo ou harmonia no parágrafo final, é uma questão de ponto de vista. Jamais iria contestar. Até porque o conceito de beleza e feiúra é muito pessoal e relativo – para o sapo, por exemplo, sua querida e amável companheira é a coisa mais linda do mundo. Agora, se a estranheza causada foi em relação ao verbo "concertar" (aspas por conta do emitente), termo que vem do latim concertare, que me perdoe o caro leitor, mas não posso concordar.

O Vocabulário Ortográfico de Língua Portuguesa editado pela Academia Brasileira de Letras, ordena que se escreva concertar quando se quer o significado de ajuste, de acordo. O sentido dado naquele artigo foi este. De harmonizar as coisas. De um afinamento interno. É isso.

Neste campeonato, a maioria dos clubes brasileiros insinua movimentos conspiratórios. Transferem a culpa. Ora para a arbitragem, ora para o calendário. Por aqui, o problema é outro. É mais interno. Atlético e Paraná precisam ser mais duros na autocrítica. Viscerais na intimidade. O Paraná Clube consertando a estrutura física fantástica que foi quebrada no final do século. Depois de construir com recursos próprios um "arranha-céu" patrimonial – chegou a esnobar o "Clube dos 13" (que inocência!) –, hoje se vê acomodado numa humilde casinha de segunda. O Tricolor precisa de um choque de novas ideias. De uma grande mudança. De uma parceria ambiciosa. De uma liderança impactante. Mas dá sim para corrigir.

Bem estruturado, o Atlético é um exemplo de clube grande e com patrimônios essenciais: centro de treinamentos e estádio modernos. Dentro da política interna, porém, as partes interessadas devem concertar medidas para resolver as divergências criadas por Petraglia. Assim como Drubscky afinou o ambiente do time, ajustando Elias no campo e Paulo Baier, às vezes, fora dele.

O Coritiba é, no momento, a referência. Reconciliou o ponto nevrálgico que é o elo do presidente com o vice de futebol, e a troca de Pedroso e Macedo por Paulo de Aquilo foi tão natural e saudável quanto a entrada de Marquinhos Santos. Afinado na política interna e com planejamento seguro, Vilson Ribeiro de Andrade, sem pressa, projetou o conserto das antigas gerais do estádio, agora sim podendo abrir um sorriso na face banguela da Rua Mauá.

Corrigir não é pecado. Se for ocaso, corrija sempre. Só é bom lembrar uma coisa: quando a borracha se gasta mais do que o lápis, é indício de exagero.

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