Todo torcedor deveria passar pela Terceira Divisão. Uma vez na vida, pelo menos. Para aprender. Lá, no terceiro escalão, não há cadeiras confortáveis, lugar marcado, guloseimas e souvenires. Os uniformes são normalmente horrorosos estampam patrocinadores esdrúxulos e os jogadores correm atrás da bola apenas para sobreviver, sem qualquer identificação com as agremiações. O cara só vai ao estádio porque é louco de amor pelo clube.
Os paranistas sabem bem o que é esse sentimento. Em 1990, o recém-nascido Tricolor debutou em competições nacionais atravessando o inferno da Terceirona. De setembro a novembro, enfrentou o futebol mais rústico do país, diante de equipes como Caixas e União Bandeirante.
Para tudo se acabar num domingo, 11 de novembro. Pela frente, o "futebandido" do Bangu, ainda patrocinado pelo bicheiro Castor de Andrade. Foram dois duelos pegados. O primeiro, 1 a 1 em Moça Bonita, o estádio mais quente na Terra gol do mullet trepidante de Adoílson para o Tricolor.
No segundo, um 0 a 0 não menos emocionante na Vila Capanema, apesar da falta de gols. Além de Adoílson, atuavam pelo Paraná outros "classic players", como Maurílio e Ednélson, que parece ter participado de todos os jogos importantes da história do Tricolor, Tricolão, Tricolaço.
Ao final dos 90 minutos, com o novo empate, o Paraná ascendeu para a Segundona hoje uma espécie de classe média-baixa do futebol, naquela época classe baixa-baixa. Não importava. A comemoração no Durival Britto foi como se não houvesse amanhã.
O que acontecia na época
Em agosto, na cidade de Palermo, nascia Mario Balotelli (foto). Na época ninguém deu muita importância. Vinte e dois anos depois, a data ganhou importância como o marco de nascimento de um dos jogadores mais marrentos da história.
Eram tempos de altíssima tecnologia. Por exemplo, era possível comprar um videocassete Toshiba 4 cabeças por 87 mil e alguma coisa na Hermes Macedo. Um conjunto de som Sharp, deck auto-stop, saía por 49.900 no Prosdócimo.
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