A boxeadora Adriana Araújo considera que a conquista do bronze em Londres na categoria leve (até 60 quilos), a 100ª medalha do Brasil na história dos Jogos, é uma resposta a supostas críticas do presidente da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe), Mauro José da Silva. A lutadora perdeu para a russa Sofya Ochigava por 17 pontos a 11 nesta quarta-feira (8) e ficou fora da decisão pelo ouro. Como no boxe não há disputa de terceiro lugar, a brasileira já havia garantido o bronze ao passar na quarta de final.
Após o combate no ringue da Arena Excel, Adriana reclamou da desvalorização do boxe no país. E disse que chegou a ser humilhada por Silva antes da Olímpiada. "Ele disse que eu não tinha capacidade nenhuma de me classificar [para a Olimpíada] e muito menos de conquistar uma medalha. Mas nunca dei ouvido. Para calar a boca dele, me classifiquei e conquistei o bronze", acusou a atleta.
O desentendimento de Adriana e dos outros quatro atletas baianos da seleção de boxe Everton Lopes, Robson Conceição, Érica Matos e Robenilson Conceição -, que representam metade do grupo em Londres, vem do fato de preferirem treinar em Salvador, ao invés de São Paulo, base da CBBoxe. Na capital baiana, os cinco lutadores eram treinador por Luís Dorea, dono da Academia Champions, que teve no seu quadro de lutadores o pugilista campeão mundial Popó e atualmente treina o campeão dos pesados do UFC Júnior Cigano e os lutadores de MMA Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro.
"Esse bronze [da Adriana] vale ouro. São grandes campeões para suportar o que suportaram. Esse rapaz caiu de paraquedas, entrou por indicação e está achando que é o dono do boxe. Os atletas sofreram muito nesses anos, não podiam se manifestar", reforçou Dórea em entrevista à Gazeta do Povo, por telefone. "Estamos muito felizes pelo resultado do boxe, mas seguramos isso durante muito tempo, porque se falássemos iríamos ser postos para fora."
O treinador disse que a postura do dirigente resultou na exclusão da equipe de Pedro Lima, ouro no Pan do Rio. De acordo com Dorea, o presidente da confederação tem um problema pessoal com o pugilista. "Ele não tem nenhum respeito. Humilha e destrata os atletas", prosseguiu.
Adriana dedicou a medalha olímpica a Dorea e ao seu primeiro treinador, Rangel Almeida. "A medalha vai ser muito comemorada em Salvador, com meus amigos, minha família e meus técnicos", festeja Adriana.
Mauro José da Silva, presidente da confederação, desmentiu as acusações da atleta. "A Adriana está falando isso porque o Dorea [técnico da atleta] não faz parte da seleção brasileira. Ela quer manter vivo o nome dele. Ela ganhou a medalha porque veio treinar em São Paulo", disse o presidente referindo-se ao Centro de Treinamento no Clube Escola Santo Amaro.
"O Dorea foi chamado para trabalhar em São Paulo, mas ele disse que não podia trabalhar aqui. A atleta está sendo usada por ele", afirmou.
Mauro não só se defendeu das acusações como também aproveitou para cutucar a pugilista. "Ela veio e ganhou a medalha. Está de parabéns. Já para a próxima [Olimpíada] ela não vira nada", completou o presidente.
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