Em 2009, no Flamengo, Adriano viveu sua última boa fase no futebol. Estreou no dia 31 de maio, em um Maracanã lotado, com gol de cabeça na vitória por 2 a 1 sobre o Atlético. Era o primeiro dos 19 que o Imperador iria marcar na campanha do título nacional de seu time do coração. Em boa forma e "tranquilo" fora de campo, foi artilheiro do campeonato.
Ontem, em Curitiba, o atacante deu o primeiro passo para um recomeço como atleta profissional. Com 40 minutos de antecedência, começou seu programa de recuperação física no Atlético. Chegou ao CT do Caju às 8h20 para fazer exames. À tarde, passou por outra bateria de testes em uma clínica particular.
Hoje, ele voltará ao centro de treinamentos atleticano. Sem atraso. Quer provar para si mesmo que pode jogar.
"Se ele quiser, consegue. O problema é ele. Não tem outra solução", resume o médico e ex-diretor de futebol do São Paulo, Marco Aurélio Cunha, responsável por viabilizar o empréstimo do atacante com a Inter de Milão, em 2008, um ano antes de Adriano brilhar no Flamengo.
Mas mesmo naquela época, em boa fase, o Imperador já dava indícios de que teria problemas sérios mais à frente. Segundo Cunha, foram "um ou dois deslizes" enquanto vestia a camisa do Tricolor. "Uma pessoa extremamente afável, de boa fé, mas que tem seus momentos em que retoma a juventude e é difícil de dominar. Não tinha responsabilidade esportiva", conta o dirigente.
Além disso, a questão física também é uma interrogação. Quem ficou perto de contratar o jogador, prefere se calar. No Internacional, que chegou a oferecer seis meses de vínculo em junho, o discurso oficial é de que o clube não ganha nada resgatando o caso à tona. No Botafogo, que não colocou na mesa um contrato propriamente dito, mas uma ajuda para Adriano tentar entrar em forma, a resposta é a mesma.
A vida desregrada dos últimos anos, com festas e bebedeiras em profusão, barra qualquer evolução. O cenário terá de mudar. E Curitiba é o local mais adequado, garante quem conhece Adriano.
"Ele escolheu o clube certo, a cidade certa", afirma o atacante Reinaldo, que defendeu o Paraná na Série B.
Amigo do Imperador desde a base do Flamengo, ele diz acreditar que as instalações do CT do Caju e o acompanhamento intensivo do preparador físico Moraci Santanna podem fazer a diferença.
"Depende só dele. Não vai ter o que reclamar de estrutura, alimentação. Tenho amigos lá dentro e eles me falam como é. Se tiver força para suportar esses três meses, vai conseguir", aposta o jogador, que vê outra barreira a ser superada.
"O Adriano gosta da noite, todo mundo sabe disso. Acho que o [Mario Celso] Petraglia [presidente do Atlético] vai ter de amarrá-lo bem. O próprio Adriano sabe que é a última chance dele. Poucos têm essa oportunidade. É um momento crucial. Ou vai ou racha", comenta.
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