Ponto crítico da candidatura brasileira à Copa de 2014, o financiamento público na construção de estádios gera ainda mais polêmica se levado em conta o orçamento federal para 2007. A África do Sul, país-sede do torneio da Fifa em 2010, anunciou no início do ano que iria aplicar US$ 1,1 bilhão (R$ 2,2 bi) para o Mundial. Cerca de US$ 700 milhões (R$ 1,5 bi) serão apenas para remodelar e construir praças esportivas.
O governo Lula, por exemplo, apresentou ao Congresso uma proposta orçamentária para o próximo ano que prevê a aplicação de R$ 1,1 bilhão para o setor da habitação, saneamento básico receberá R$ 1,0 bilhão, a segurança pública ficará com R$ 1,7 bilhão sendo R$ 110 milhões destes só para a segurança dos Jogos Pan-Americanos.
"Eu considero um delírio pensar em Copa no Brasil", critica o professor de economia e pró-reitor da UniFAE, Luis Roberto Antonik. "Às vezes acho que essa gente (os políticos) não tem consciência do nosso nível de pobreza."
O primeiro impacto dessa busca governamental para viabilizar a realização do torneio seria o aumento da carga tributária, adverte Antonik. "Temos aumentado cada vez mais a capacidade de arrecadação para equilibrar o caixa. E eu garanto que cortes não serão feitos, pois isso seria ridículo. Quem vai pagar é a população."
A tática sul-africana para sair do vermelho dificilmente surtirá efeito. Na estimativa do comitê organizador, o país irá arrecadar algo em torno de US$ 541 milhões (R$ 1,2 bilhão), a maior parte com ingressos. Mas a Fifa já criticou publicamente a estratégia dos anfitriões em superfaturar os bilhetes indo contra a política alemã na edição deste ano. (RF)