Atualmente estão em execução no Afonso Pena as obras de expansão do pátio de aeronaves e do terminal de cargas| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Sinal de alerta

Representantes da área de turismo estão preocupados com o atraso nas obras de ampliação do aeroporto:

"Queremos que o hóspede tenha uma experiência agradável desde o momento em que pisar na nossa cidade. Qualquer atraso nas obras já previstas é prejudicial, pois a ampliação do terminal de passageiros e outras intervenções são cada vez mais urgentes."

Henrique Lenz César Filho, presidente da Associação Brasileira de Hotéis no PR.

"Atualmente, o aeroporto já conta com diversos problemas, que podem ser agravados durante a Copa. Nossa preocupação não é apenas com o período da Copa e sim com o dia a dia das operações do aeroporto, que afeta toda a nossa cadeia turística."

Celso Tesser, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens no PR.

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Tribunal de Contas

Todas as 12 obras do PAC da Copa na Grande Curitiba estão atrasadas

O atraso na ampliação do terminal de passageiros do Afonso Pena não é a única preocupação de autoridades e entidades­­ do setor quanto às obras de infraestrutura previstas para o Mun­­­­dial de Futebol de 2014. Um relatório elaborado pela Co­­mis­­são de Fiscalização da Copa 2014 do Tribunal de Contas do Es­­tado do Paraná (TCE) revela que todas as 12 intervenções de mobilidade urbana previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Co­­pa pa­­ra Curitiba e Região Me­­tro­­politana estão atrasadas.

Em si­­tu­­ação semelhante à do aeroporto, as obras do Cor­­re­­dor Aeroporto/Ferroviária, de re­­vitalização da Avenida Ma­­rechal Floriano e do Corredor Metropolitano não têm todos os projetos concluídos e estão ameaçadas de não ficarem prontas até a Copa.

Não bastasse o risco de atrasos, o custo total das obras prati­­ca­­men­­te dobrou desde que governo e prefeitura assinaram a Matriz de Responsabilidade do evento, em 2010. Na época, a estimativa chegava a R$ 581 milhões, incluindo a reforma da Are­­na da Baixada. Segundo o le­­vantamento do TCE, o montante necessário agora pode chegar a R$ 982,1 milhões – sem contar eventuais aditivos. (RW)

580,7

mil passageiros por mês foi o mo­­vi­­mento médio registrado ano pas­­sado no Aeroporto Afonso Pena. O nú­­me­ro coloca o terminal na 8ª co­­lo­­cação do ranking de via­­jan­­tes transportados nos 12 aero­­portos da Copa de 2014. A efeito de comparação, o Aero­porto de Gua­­ru­lhos (SP) recebeu, em média, 2,5 milhões de passageiros por mês no mesmo período.

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Prevista inicialmente para começar neste mês, a ampliação do terminal de passageiros do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, deve ter início somente em 2013, no fim do primeiro semestre. A mudança no cronograma fará com que o terminal aéreo continue em obras durante a Copa de 2014, em junho, quando 160 mil turistas estrangeiros chegarão à cidade.

A Matriz de Respon­sa­bi­lidades assinada em 2010 entre governo do estado, município e União, visando à preparação para a Copa, chegou a prever o começo das obras que vão dobrar a capacidade de passageiros atendidos no Afonso Pena para janeiro deste ano. No entanto, a intervenção depende de uma nova licitação para escolher a empresa responsável tanto pela elaboração do projeto quanto pela execução da obra – o processo se dará por meio do Regime Diferenciado de Contratação (RDC), que permite que uma mesma empresa assuma as duas etapas.

A licitação anterior, lançada no início do ano passado, foi vencida pela empresa gaúcha Beck de Souza Engenharia Ltda, que receberia R$ 2,1 milhões pelos projetos básico e executivo. Mas, segundo a Infraero, a decisão de rever as projeções de ampliação previstas no edital obrigou à anulação desta concorrência e o lançamento de uma nova. Questionada pela reportagem, a empresa não informou até o fechamento da edição se a Beck chegou a receber algum pagamento pelo contrato.

Mesmo com o atraso, a Infraero garante que as principais modificações previstas – como o aumento do número de balcões de check-in e esteiras de bagagem – estarão concluídas até dezembro de 2013. Segundo o superintendente da Infraero em Curitiba, Antonio Pallu, a continuidade das obras ao longo de 2014 não vai afetar os usuários durante a Copa. "Consideramos isso dentro de uma certa normalidade. O projeto é grandioso e é como se estivéssemos construindo um novo terminal", afirma.

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A previsão é que o novo edital seja lançado ainda neste mês para contratação em dezembro. Assim, a empresa vencedora terá o primeiro semestre de 2013 para elaborar os projetos antes da execução.

Pouco tempo

Para José Ricardo Vargas de Faria, diretor do Sindicato dos Engenheiros do Paraná e professor do Departamento de Transportes da Universidade Federal do Paraná, a demora na conclusão das etapas preliminares deixa pouca margem para eventuais atrasos na execução da obra.

O conselheiro do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) e ex-controlador de voo do Afonso Pena Meron Kovalchuk confessa um certo ceticismo. "Haverá praticamente um ano para se fazer a ampliação antes da Copa. Não vai ficar pronta a tempo."

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