O Estádio dos Pássaros, em Arapongas, foi liberado para 10 mil pessoas. Clube da cidade faz promoção de ingresso para evitar um fiasco de público| Foto:

As Estratégias

O que fazem os pequenos para aumentar suas receitas com a ajuda da torcida:

Operário - Sócio-tor­­cedor: não possui. Alter­­nativa: não pos­­sui. Vende os ingressos avulsos. O clube usará o valor mínimo do regulamento, R$ 20, para os jogos em casa.

Arapongas - Sócio-tor­­cedor: não possui. Alterna­­tivas: Pacote Kitorcida – R$ 199 por 11 ingressos do Para­­naen­­se, o torcedor ainda leva uma ca­­misa oficial, um boné e um ade­­sivo. Compra de ca­­deira – por R$ 1000 reais (ou 5x de R$200) o torcedor garante uma cadeira no estádio pelo período de cinco anos e 50% de desconto na compra de ingressos.

Rio Branco - Sócio-torcedor: não possui. Alternativa: não possui, mas o presidente Nivaldo Domanski garante que ainda está estudando uma forma de viabilizar saídas para a aumentar a venda de ingressos. Uma empresa de marketing foi contratada para encontrar a solução.

Cianorte - Só­­cio-tor­­cedor: Amigos do Leão, mensalidade de R$ 60. Alternativa: além do programa de sócio, vende um pacote fechado de ingressos que também dá ao torcedor uma camisa oficial do clube.

Cascavel - Sócio-tor­­cedor: não possui. Alter­­nativas: venda de um pacote com 11 jogos do Estadual por R$ 30 cada duelo. "Sai R$ 330 e o torcedor ganha uma camisa oficial do clube. Lançamos no começo de janeiro e está vendendo muito bem", diz Ney Vitor, presidente da Serpente. Apesar disso, o bilhete avulso, com o menor preço, custa R$ 20.

Iraty - Sócio-torcedor: não possui. Alternativa: adota um pacote básico, sem grandes atrativos. Além das pessoas com direito a meia-entrada, os sócios da sede social do Iraty Sport Club têm 50% de desconto caso queiram assistir aos jogos da equipe realizados em casa.

Corinthians-PR - Sócio-torcedor: não possui. Alter­­na­­tiva: não possui. Vende os ingressos avulsos. Para o primeiro jogo em casa, contra o Atlético, vai inflacionar o bilhete para R$ 50.

Roma - Sócio-torcedor: não possui. Alternativa: o pacote Torcedor Fiel Roma Apucarana vende kits para 11 jogos e mais uma amistoso a R$ 125 ou 4x R$35 (arquibancada descoberta) e R$290 ou 4x de R$80 (arquibancada coberta). Pagando à vista o comprador ganha uma camisa oficial. O bilhete avulso sai por R$ 20.

Paranavaí - Sócio-tor­­cedor: não possui. Alter­­na­­tiva: venda de ingressos em pacotes de R$ 250 para os torcedores que possuem uma carteira de sócio-ouro. "O torcedor não ganha brindes, tem somente a garantia de um maior conforto por não en­­frentar filas e poder sentar nas cadeiras", diz o diretor Furquin.

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Planos de fidelização de torcedores ainda é um assunto que passa longe do futebol paranaense. Prova disso são as estratégias de captação de bilheteria de nove dos 12 participantes – exceção feita a Atlético, Coritiba e Paraná – do torneio que começa amanhã.

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Fãs na arquibancada têm sido o ponto fraco da competição. No ano passado, a média de público nas praças esportivas do interior foi de 1.470/jogo – dado da Federação Paranaense de Futebol . A partida entre Engenheiro Beltrão e Toledo, por exemplo, teve penas 4 pagantes, totalizando uma renda de R$ 40. Em 2009, para endossar os números, foi de 1.168.

Diante de tal quadro, a maioria das equipes conta com pacotes promocionais de venda de ingressos para todas as rodadas como mandante do regional, no entanto só o Cianorte – com o pacote Amigos do Leão – consegue fazer a contribuição de parte dos torcedores permanecer ativa após a competição.

"O programa começou em 2010, cobra R$ 60 por mês e tem cerca de 200 membros. Além dessa renda, temos os bilhetes avulsos e a venda de um pacote fechado de cadeiras para o campeonato: quem compra a entrada desta forma ganha uma camisa oficial do clube", relata Adir Kist, gerente de futebol da equipe nortista.

Na capital, Furacão e Alviverde saem na frente com a capitalização de seus fãs, pois somam 19.285 e 17 mil sócios, respectivamente. O Tricolor é o que menos possui associados, 3 mil no total.

Fora da cidade, a falta de um calendário anual para muitos clubes, que dependem do desempenho no Estadual para garantir disputas pelos 12 meses, além das limitações em infraestrutura nos estádios, explicam a inexistência e até a extinção dessas iniciativas – como aconteceu no Operário, de Ponta Grossa.

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"Tínhamos o Fantasma Torcedor ano passado, mas não conseguimos mantê-lo: o programa era bem feito, foi projetado em 2009 com base no que fazia o Atlético, mas faltava um atrativo que chamasse a atenção dos nossos torcedores. Precisamos melhorar a estrutura disponível no estádio para que ele seja lançado novamente", diz Dorli Michels, gestor do representante dos Campos Gerais.

Para garantir a presença de público em casa, e assim ajudar o orçamento, os clubes têm feito o que podem dentro do preço mínimo do ingresso (R$ 20), definido em setembro do ano passado, no arbitral do Paranaense, pois nem mesmo uma boa campanha em campo é capaz de encher as arquibancadas.

"A renda que vem da bilheteria é imprevisível. Em 2003, no vice-campeonato do Paranavaí, tivemos pico de 18 mil torcedores, já em 2007, quando conquistamos o campeonato estadual, nossa máxima foi de 12 mil pessoas em casa. A torcida ficou exigente depois que nos classificamos duas vezes para a Copa do Brasil. Ela esperava que continuássemos assim, mas as conquistas diminuíram e a presença das pessoas no estádio também", conta Lourival Furquin, diretor de futebol do Vermelhinho.

Há ainda quem considere o valor mínimo para assistir às partidas do estadual um tanto quanto salgado para os padrões das cidades menores.

"Cada clube deveria estipular o valor do próprio ingresso levando em consideração o poder aquisitivo da maioria. Em Cascavel, muitas pessoas que não moram no centro deixam de ir ao estádio porque, além da entrada, ainda têm os gastos de ida e volta da lotação, a pipoca ou algo a mais que consomem. Juntando tudo fica pesado para um trabalhador", observa Ney Vitor, presidente da Serpente.

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"Às vezes temos mais de três jogos por mês, o que pesa no bolso de quem ganha um salário baixo, mas para o clube o valor é razoável, pois a renda dos ingressos ajuda em algumas despesas. Não se trata de um dinheiro a mais: é uma parte integrante do orçamento do Roma", pontua Sérgio Kowalski presidente da equipe que lançou o pacote Torcedor Fiel como forma de garantir uma renda fixa mensal durante o Paranaense.