• Carregando...
Orlando Pessuti acredita na presença de Curitiba na Copa de 2014 e prevê muito trabalho pela frente | Albari Rosa / Gazeta do Povo
Orlando Pessuti acredita na presença de Curitiba na Copa de 2014 e prevê muito trabalho pela frente| Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo

Diante da infraestrutura das 17 cidades candidatas a receber a Copa do Mundo de 2014, Curitiba certamente ocupa uma posição de destaque em uma realidade peculiar do Brasil. Esta é a principal aposta dos dirigentes paranaenses para que a Fifa inclua a cidade na lista de 12 subsedes que receberão o Mundial dentro de cinco anos. Entretanto, mais do que construir um projeto sólido, muita politicagem foi necessária para os curitibanos terem chances concretas.

Em entrevista à Gazeta do Povo antes do seu embarque para Nassau, nas Bahamas, onde o presidente da Fifa, Joseph Blatter, fará o anúncio às 15h30 de domingo (horário de Brasília), o vice-governador do Paraná e presidente do Comitê Executivo para Assuntos da Copa, Orlando Pessuti, apontou a importância do trabalho nos bastidores. Se as possibilidades estruturais de Curitiba recepcionar o evento não eram a questão central, a relação ruim com a CBF foi um ponto bastante atacado pelos dirigentes.

"Não existia relacionamento entre a Federação Paranaense de Futebol e a CBF. Depois tivemos as dificuldades decorrentes do período eleitoral, além das CPIs que correram no Congresso Nacional (mais precisamente a da Nike, entre 2000 e 2001, que contou com o senador paranaense Álvaro Dias atuando ativamente nas investigações). Estas questões representaram uma dificuldade muito grande, nem éramos recebidos na CBF. Com muito trabalho conseguimos reverter", afirmou Pessuti.

Além da questão política, o presidente do Comitê Executivo abordou mais uma vez os fatores positivos para a população curitibana e paranaense com a vinda da Copa de 2014 para a cidade. Orlando Pessuti adiantou ainda os próximos passos, caso a capital seja confirmada oficialmente, a serem dados rumo ao Mundial e comentou fatos pouco comentados até aqui, como a aprovação de questões no âmbito municipal e estadual para tratar da isenção de impostos para a Fifa e seus parceiros durante o período dos jogos.

Confira a entrevista completa com Orlando Pessuti:

Gazeta do Povo – Há alguns dias surgiu a informação, vinda diretamente do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, de que as cidades-sede já estariam definidas e que Curitiba estaria nesta lista. Como o senhor vê esta informação?

Orlando Pessuti – Vejo isso mais como uma manifestação de entusiasmo de pessoas que estão acreditando em Curitiba e que a cidade será escolhida pela Fifa. Estamos convictos que isto vai acontecer, não vejo como a nossa cidade ficar de fora e não ser uma das subsedes. Após o trabalho e a superação que tivemos, diante de tantas dificuldades, acho que precisamos agora de calma e cautela, acreditando é claro, mas sem parar de trabalhar um minuto. O governo estadual, o município, a FPF, o Atlético, todos estamos juntos na torcida por Curitiba nas Bahamas.

Que Curitiba possui condições de infraestrutura favoráveis em relação às demais cidades candidatas todos sabem. Sendo assim, o senhor vê a questão do lobby político e a relação ruim que existia com a FPF como os dois principais pontos vencidos durante a candidatura?

Estes dois fatores foram sim os que mais dificultaram. Primeiro porque o relacionamento entre a FPF e a CBF não existia. Depois tivemos as dificuldades decorrentes do período eleitoral, além das CPIs que correram no Congresso Nacional. Estas coisas envolvendo os nossos parlamentares em relação à CBF criaram uma dificuldade muito grande, nenhum de nós era recebido ou acolhido pelo presidente Ricardo Teixeira. Agora eu, na condição de vice-governador e presidente do comitê, o presidente da FPF Hélio Cury, todos são recebidos. Acredito que uma parcela importante do trabalho foi na coordenação que realizamos, as pessoas envolvidas estiveram muito comprometidas e tudo correu bem porque todos se esforçaram. Com muito trabalho conseguimos reverter.

O senhor tem um palpite de quais serão as 12 subsedes para a Copa de 2014?

Posso fazer a minha lista, mas é claro que já sabemos que São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília e Rio de Janeiro estão garantidas, já era de conhecimento público antes do processo começar. Da nossa parte só podemos ter convicção na nossa cidade e de que Curitiba não ficará de fora. Uma Copa sem Curitiba seria ignorar todo um trabalho, não só o que representamos no contexto turístico, na gastronomia, no desenvolvimento urbano.

Com a confirmação da Fifa nas Bahamas, o que virá a seguir?

Vamos reunir o Comitê Executivo e verificar quais tarefas teremos de cumprir. Entregamos o projeto e ficou acertado que aguardássemos novas orientações. Já aumentamos a participação no comitê, chamamos quem nos ajudava. Acredito que representantes das cidades escolhidas deverão ir até a África do Sul para acompanhar a Copa das Confederações e tudo que está sendo feito para a Copa do Mundo do próximo ano. Teremos também um encontro com o presidente da República para discutir as ações do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), então muito trabalho está por vir.

Em relação a todo o projeto encaminhado à Fifa, o senhor tem convicção de que tudo o que foi ali colocado sairá mesmo do papel, beneficiando a candidatura e a própria cidade?

Tudo é viável até a Copa. O metrô é o ponto que terá mais dificuldade em ser concretizado, até porque dependemos de recursos também do governo federal e até de fontes externas. O Aeroporto Afonso Pena tem questões a serem resolvidas, mas não é tão difícil de ser resolvido. Faltam alguns equipamentos, além da ampliação da pista, não tenho dúvidas de que, com ou sem a Copa, nós teremos estas e outras obras. Nesta questão aérea, te digo que o aeroporto de Porto Alegre fecha até mais do que o nosso. Estamos em perfeita sintonia com o Ippuc, com a prefeitura e com o governo federal para levarmos adiante outras questões, recentemente o governador Roberto Requião anunciou a obra de duplicação da Rodovia da Uva, além das obras na Avenida das Torres também com ligação ao aeroporto. Temos estas e outras ações conjuntas para viabilizar a Copa do Mundo em Curitiba.

O Comitê Executivo já englobou a participação dos municípios de Foz do Iguaçu, São José dos Pinhais, Paranaguá e Ponta Grossa. Sabemos do interesse de outras cidades, como Londrina e Maringá, em também integrar de alguma forma a Copa de 2014 como cidades-satélites. Como este trabalho está sendo feito, e sob quais critérios?

Definimos estas cidades em um primeiro momento porque em São José dos Pinhais está o aeroporto, então precisamos desenvolver ações com a participação da prefeitura. Foz e Paranaguá estão nos roteiros turísticos da nossa candidatura, além de integrarem os 65 endereços escolhidos pela comissão organizadora da Fifa. Ponta Grossa está próxima de outro ponto turístico, o Parque de Vila Velha, e nós vamos sim discutir a entrada de outras cidades do estado. Tentaremos ampliar os locais que possam participar, tudo será analisado, ver o que podemos acrescentar a nosso favor.

O senhor vê a iniciativa privada atuando ainda de forma tímida na candidatura de Curitiba, e que os investimentos esperados só começam mesmo com a confirmação deste domingo?

A iniciativa privada está participando através das suas entidades de classe, está nos ajudando muito até aqui e irá ajudar ainda mais.

Um ponto polêmico e pouco comentado é o ajuste tributário que terá de ser feito em âmbito federal, estadual e municipal para a Fifa ficar isenta de impostos durante a Copa. O senhor vê dificuldades nesta adequação obrigatória?

Não. Esse termo de compromisso com a Fifa já foi assinado pelo governado e pelo prefeito Beto Richa. Há 30 dias recebemos um documento prévio com algumas coisas que poderiam ser modificadas, a secretaria da Fazenda e outros órgãos estão analisando e acredito em um trâmite tranquilo. Tudo que for necessário será feito.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]