Com as duas mãos, o jogador ajeita com cuidado a bola sobre a grama antes de cobrar a falta. Certeiro, o chute passa raspando pela barreira e só para quando encontra a rede adversária.
Cada vez mais frequente no mundo do futebol, o roteiro acima deixou de funcionar no Coritiba, dono ataque mais positivo da temporada com 100 gols. Ao contrário do ano passado, quando 9,5% dos gols alviverdes saíram de cobranças de falta direta, em 2011 apenas 1% seguiu esse script. Para também agregar essa arma ao seu arsenal ofensivo, a ordem não poderia ser outra: mais treinamento.
Apesar de ter bons nomes para encarar os tiros livres, a pontaria alviverde anda altamente descalibrada. Os arremates passam por cima, pelos lados, param nos goleiros ou acertam a trave. Balançar a rede virou raridade.
"É uma coisa que o Marcelo [Oliveira, técnico] cobra. Sempre treinamos, dois, três dias antes das partidas. E o rendimento é bom, mas no jogo... não estamos concluindo", explica o meia Tcheco, que não levou sorte quando se arriscou na bola parada.
Mas, o que hoje é o calcanhar de Aquiles do time coxa-branca, já foi alvo de grande temor dos rivais. Ao todo, em 2010, foram 11 gols de falta em 62 jogos contra somente um gol desse tipo em 43 partidas na atual campanha. Enquanto Anderson Aquino comemora de maneira solitária esse feito, Marcos Aurélio (5 vezes), Léo Gago (3), Rafinha, Ariel Nahuelpan e Dênis acertaram o pé no ano passado.
"Falta o detalhezinho. Acertamos boas cobranças, mas os goleiros foram bem. Contra o Ceará, o Jonas acertou a trave... Se não está entrando, vamos treinar mais para executar no jogo. Hoje em dia, falta decide", emenda o atacante Anderson Aquino, que marcou dessa forma na última rodada do Estadual, contra o Cianorte, no dia 1.º de maio.
E a data que marca o dia do trabalhador é mesmo sugestiva para esse fundamento. Além de talento, é necessária muita prática para encontrar o trajeto perfeito entre as balizas. Mesmo assim, o treinador garante que o jejum de gols não se deve à falta de dedicação. Mas isso não quer dizer que os treinos não vão se intensificar.
"Os treinos [de falta] são ótimos, fazemos sempre depois do treino normal. Acho importantíssimo aproveitar melhor esse tipo de bola parada, não só as alçadas na área. É só com treinamento, com confiança que as bolas vão começar a entrar. Temos um time agressivo, que normalmente tem várias oportunidades nessa situação em cada partida", lembra o comandante.
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