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Oscar é um dos remanescentes no time brasileiro que disputou a final olímpica contra o México em Londres | Albari Rosa, enviado especial/ Gazeta do Povo
Oscar é um dos remanescentes no time brasileiro que disputou a final olímpica contra o México em Londres| Foto: Albari Rosa, enviado especial/ Gazeta do Povo

Nos últimos dez encontros entre suas equipes principais, os mexicanos venceram os brasileiros em metade, além de dois empates e três derrotas – sequência que começou na final da Copa das Confederações de 1999, na casa do adversário. Um retrospecto que leva os atletas da seleção a admitir que é difícil o jogo encaixar contra os astecas, seja pela boa marcação ou a motivação de enfrentar o Brasil.

Para dar liga na partida de hoje, às 16 horas, em Fortaleza, o técnico Luiz Felipe Scolari aposta na consolidação do estilo que tenta implantar na equipe. Com mais velocidade.

"A proposta do México é bem diferente do Japão [derrotado por 3 a 0 a estreia, em Brasília]. Temos certeza de que se não trabalharmos rapidamente a bola vamos ter dificuldades", afirmou Felipão, que só comandou o time em um dos jogos da sequência negativa: a derrota por 1 a 0 na Copa América de 2001, na Colômbia, um ano antes da conquista do pentacampeonato mundial.

Ele e os jogadores, porém, ressaltam que o time não deve mudar drasticamente, como deixou claro o zagueiro e capitão Thiago Silva: "No futebol tem isso mesmo, de um time não encaixar bem contra outro. Mas comentamos entre nós que as demais seleções têm de encontrar um jeito de jogar contra a gente e não nós mudarmos muito para enfrentá-las", cravou o defensor.

Tanto é que após a vitória sobre o Japão, sábado, na capital federal, Felipão só trabalhou no campo com sua formação titular no treino de reconhecimento de gramado do Castelão, ontem. E por menos de meia-hora, antes de começar a testar alguns reservas. Durante a noite passaria ao time verbalmente as informações táticas coletadas pelo observador Alexandre Gallo sobre o México.

A "freguesia" brasileira recente diante dos mexicanos foi reforçada por duas derrotas em 2012: 2 a 0 no amistoso de junho e 2 a 1 em agosto na final da Olimpíada. O último jogo nem entra na conta das últimas dez partidas, porque não foi disputado pelas seleções principais, mas vários jogadores das equipes atuais estavam em Londres – pelo Brasil Thiago Silva, Marcelo, Neymar, Oscar, Hulk e Lucas. Para o lateral-esquerdo Marcelo, a explicação dos resultados passa pela "motivação dos mexicanos de enfrentar o Brasil".

Como contraponto, os jogadores lembram da vitória por 2 a 1 no amistoso em outubro de 2011, no México, para mostrar que o predomínio asteca não é tão grande. Naquele jogo, segundo eles o que teria feito a diferença foi a vontade brasileira após a expulsão de Daniel Alves no fim do primeiro tempo.

"Foi mais da emoção de saber que tínhamos de correr em dobro pelo amigo. Não foi estratégia ou posicionamento, foi mais vontade, emoção de jogar com um a menos e ganhar", lembrou Marcelo, autor de um dos gols.

No retrospecto total, o Brasil ainda leva larga vantagem. São 17 vitórias, 5 empates e 7 derrotas diante do adversário de hoje.

Trauma olímpico encurta fase de novatos na seleção

O México é responsável pelo grande trauma recente da seleção brasileira: a derrota na final olímpica de Londres no ano passado. Um resultado tão impactante que, além de fragilizar o então técnico Mano Menezes, nenhum dos jovens testados no torneio – que só permite três jogadores com mais de 23 anos por equipe – faz hoje parte do time de Felipão.

Era uma grande chance para os goleiros Gabriel e Neto, os zagueiros Bruno Uvini e Juan, os laterais Rafael, Danilo e Alex Sandro e os volantes Sandro e Rômulo. Mas hoje é até difícil o torcedor se lembrar deles.

Conseguiram sobreviver os três reforços mais velhos – Thiago Silva, Marcelo e Hulk – e, entre os que estavam dentro da idade olímpica, somente quem já tinha história na seleção principal: Neymar, Oscar e Lucas. Leandro Damião seria o quarto da turma, mas foi cortado por causa de lesão. Paulo Henrique Ganso e Alexandre Pato tinham status parecido, que ruiu com o fracasso olímpico e a má fase em seus clubes.

A lembrança, aliada a outros insucessos recentes perante o adversário, faz o hoje capitão Thiago Silva dizer que o México "já está engasgado há algum tempo". Mas, para não pilhar demais o time, o zagueiro pondera: "Não vou jogar como revanche e, sim, mais um jogo importante".

O lateral-esquerdo Marcelo diz não ter esquecido a decepção do dia 11 de agosto de 2012, mas também evita o clima de vingança. "Não tenho essa de revanche. Na minha cabeça não passa isso. É claro que lembro da final da Olimpíada. Foi um dia muito triste não só para os jogadores como para o Brasil também."

O México da Copa das Confederações carrega oito campeões olímpicos, cinco deles daquela base jovem: os defensores Diego Reyes e Hiram Mier, o meia Hector Herrera, o meia-atacante Javier Aquino e o atacante Raul Jimenez. O meia-atacante Giovani dos Santos também era sub-23, mas já com um peso para sua seleção comparável ao de Neymar, Oscar e Lucas no Brasil. Completam a lista os já experientes José Corona (goleiro) e Carlos Salcido (lateral-esquerdo) – dos três mais velhos, apenas o atacante Oribe Peralta está fora.

Sob o comando de José Manuel de la Torre, porém, o time não tem respondido – a comissão técnica era dividida e quem treinou a equipe olímpica foi Luis Fernando Tena. No hexagonal final das Eliminatórias da Concacaf, o México tem cinco empates e uma vitória. Está em terceiro lugar, mas com um jogo a mais do que os concorrentes. Ou seja, faltando quatro partidas, corre risco de não obter uma das três vagas na Copa ou mesmo o quarto lugar que leva à repescagem contra a Nova Zelândia, vencedora do grupo da Oceania. Mesmo assim, Thiago Silva alerta: "Tenho certeza de que vai ser mais difícil do que na final olímpica".

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